Guayaquil será só vermelha e preta

O experiente narrador Oliveira Andrade protestou, na Conmebol TV, ao fim da execução do Hino Brasileiro, pelo desrespeito dos torcedores que cantam, como já virou tradição, o nome do Palmeiras. Já não era sem tempo.
E antes do terceiro minuto, Tabata roubou bola no meio de campo, Zé Rafael ganhou a dividida com Fernandino e cruzou rasteiro, para desvio errado de Pedro Henrique nos pés de Gustavo Scarpa que não perdoou: 1 a 0.

A vantagem duramente conquistada pelo Athletico Paranaense na Arena da Baixada estava devidamente anulada.
Scarpa, lembremos, suspenso não esteve no jogo de ida.
Melhor que isso para o alviverde só dois disso.
O Verdão estava incandescente e a casa verde pegava fogo apesar do frio e da chuva em São Paulo.
Aos 8 minutos o goleiro Bento fez defesa importante para evitar o segundo gol.
O Furação parecia intimidado, com exceção do menino Vitor Roque, que a cada bola que pegava partia para cima da defesa.
Aos 25', Bento fez a quarta defesa. Weverton não havia feito nenhuma defesa, só intervenção em bola cruzada.

Sabe a faca entre os dentes? Sabe não. O Palmeiras jogava com uma peixeira na boca.
Scarpa barbarizava e o Palmeiras fazia apresentação exemplar, sem dar tempo de respirar ao adversário dominado. Só faltava o segundo gol ainda no primeiro tempo, embora houvesse muito tempo para fazê-lo.
Não era que o Palmeiras ganhava a maioria das divididas, senão que ganhava TODAS as divididas.

Mas, numa delas, Murilo exagerou, o VAR chamou e Murilo foi expulso ao solar Vitor Roque de maneira inteiramente desnecessária, no meio de campo. Abel Ferreira até saiu do campo, tamanha sua irritação.
No intervalo os visitantes devem ter se ajoelhado no vestiário e agradecido aos deuses dos estádios por estarem perdido apenas por um gol de diferença. Era para estar mais. Mas o segundo tempo seria disputado com um a mais.
Repetia-se o drama do jogo contra o Atlético Mineiro.
O Athletico se contentaria em manter o resultado para levar a decisão à marca do pênalti ou buscaria o empate?
Felipão, suspenso, responderia a seus auxiliares.
O Palmeiras voltou sem Tabata e com Luan.
E Abner saiu para Pedrinho entrar no Athletico, assim como Terans, no lugar de Alex Santana, e Rômulo no de Canobbio.
Se contra os mineiros os paulistas trataram de defender o 0 a 0 que levou aos pênaltis, contra os paranaenses a ordem era a de buscar o 2 a 0.
Que veio de "latereio" cobrado por Marcos Rocha e casquinha de Gustavo Gómez, aos 55': 2 a 0! Brilhante!
Erick saiu e Pablo entrou e o resultado foi imediato: Fernandinho lançou Vitinho nas costas de Marcos Rocha, ele deu para Vitor Roque entregar para Pablo diminuir na pequena área, aos 64': 2 a 1. Os pênaltis voltavam ao radar no primeiro chute paranaense entre as três traves, sem chance para Weverton. É o futebol.

Vitor Roque seguia decisivo ao causar à expulsão de Murilo e dar o passe do gol. Que menino!
Aos 72', Dudu deu passe espetacular para Gabriel Menino soltar uma bomba que Bento defendeu de maneira não menos espetacular.

Dudu jogava por dois, para compensar o 10 x 11.
O cansaço começava a tomar conta dos anfitriões, que se refrescaram com Mayke e Wesley nos lugares de Marcos Rocha e Rony.
Mas a estrela de Felipão brilhou porque Pablo passou para Terans fuzilar de fora da área e a bola desviada traiu Weverton, aos 86': 2 a 2!
O Athletico estava na final.
Merendiel e Atuesta em campo, no desespero, nos lugares de Piquerez e Menino.
Matheus Fernandes no de Vitor Roque.
A cidade equatoriana que se prepare para receber, no dia 29 de outubro, os dois rubro-negros brasileiros.

A bandeira de Guayquil é azul e branca, mas o preto e vermelho tomarão conta da cidade.
O Flamengo em busca do tri, o Athletico do título inédito.

Ao Palmeiras restará ganhar o Brasileirão, o que, diga-se, não é pouco. Muito ao contrário. Mas o Murilo…
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