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Blog do Juca Kfouri

O talento decidiu com requinte em Itaquera

Juca Kfouri

02/08/2022 22h50

O Corinthians já não tinha nem Paulinho, nem Renato Augusto e ficou, horas antes de enfrentar o Flamengo, sem Willian.

As três contratações mais badaladas para jogar a Libertadores no estaleiro, por fadiga de materiais.

E com seis jogadores da base, a solução para clubes endividados, fez jogo equilibrado contra o rubro-negro que se craque faz em casa, tinha apenas um, João Gomes, no gramado de Itaquera. O Flamengo pode, o Corinthians não.

Para tornar tudo mais difícil, Maycon se machucou e foi trocado por Vera, aos 19 minutos.

Até que o talento de Dom Arrascaeta falou mais alto. E como!

Primeiro ao interceptar dentro da área alvinegra a tentativa de aliviar a bola feita por Cantillo.

Depois ao pegar a bola desviada em João Gomes e acertar no ângulo de Cássio, o quarto golaço sofrido nos últimos jogos pelo alvinegro contra Ceará, dois, Atlético Mineiro e hoje, aos 37 minutos.

Uma pintura de gol.

Nada a reclamar.

Taticamente o inferior Corinthians fazia frente ao superior Flamengo.

Mas talento é talento e a quantidade de jogadores decisivos da Gávea fazia a diferença.

Com Giuliano e Roger Guedes, nos lugares de Cantillo e Adson, o Corinthians voltou para o segundo tempo em busca da virada improvável ou, ao menos, de manter a invencibilidade em Itaquera.

Um ano e um dia atrás, o Flamengo havia sido o último time a derrotá-lo pelo Campeonato Brasileiro e voltava a fazê-lo, agora pela Libertadores.

E fez 2 a 0 assim que o segundo começou, em combinação entre Rodinei e Gabigol, em outro belo gol, aos 50', de chapa, coisa de quem sabe.

Ao fazer o 28º gol na Libertadores, o artilheiro ficou a apenas um gol de empatar com Luizão, o brasileiro com mais gols no torneio.

Por óbvio, atribuir favoritismo aos cariocas não era malícia paulista.

O preço do esforço nos primeiros 45 minutos, mais o gol relâmpago nos últimos, destruiu o Corinthians e o Flamengo se impôs de vez, ao ameaçar fazer mais gols e liquidar as quartas de final no jogo de ida.

Como luxo é para quem pode, enquanto o anfitrião trocava Mosquito por Giovane, o visitante punha Arturo Vidal no lugar de Gomes.

Como tem sido habitual no Clássico do Povo, o Flamengo passeava em Itaquera, exceção feita ao jogo do primeiro turno do Brasileirão deste ano, quando o rubro-negro jogou a meia boca.

O veterano Éverton Ribeiro de um lado e o menino Du Queiroz do outro foram os melhores em campo.

O Flamengo já pode ir pensando nos argentinos do Vélez Sarsfield ou do Talleres.

Ao Corinthians resta tentar virar sobre o Atlético Goianiense na Copa do Brasil e lutar por permanecer no G4 do Brasileirão.

Mais de 45 mil torcedores, quatro mil rubro-negros, viram Cássio evitar o 3 a 0. E a Fiel cantou mesmo após o jogo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/