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Blog do Juca Kfouri

O Bombonerazo!

Juca Kfouri

05/07/2022 23h13

Aos 28 minutos de jogo, sem que o Corinthians tivesse chutado uma vez sequer ao gol do Boca, nem sequer frequentado a área argentina, Raul Gustavo fez pênalti e, diferentemente de Roger Guedes, Benedetto não permitiu a defesa do goleiro, mas deu uma cacetada na trave corintiana.

Era o resultado natural do domínio absoluto exercido até então pelo Boca contra o esfacelado alvinegro sem sete titulares, mas até em desperdício de pênaltis os times estavam empatados.

O Boca usava e abusava da fragilidade do lateral Rafael Ramos, uma péssima ideia, essa sim, do sem opções Vitor Pereira, e Cássio falhava seguidamente em duas saídas de gol, a primeira fartamente responsável pelo pênalti.

Aos 37', o Corinthians conseguiu seu primeiro escanteio, contra quatro do rival, que tinha Benedetto perdendo chances consecutivas.

O 0 a 0 perdurou até o intervalo em jogo de um time só, com a sorte brasileira que o time só é bem ruinzinho.

O Corinthians nem jogava por uma bola, mas pelos pênaltis, confiante em Cássio, embora Rossi seja mais pegador de penais do que ele.

João Vitor, negociado com o Benfica, se machucou e foi substituído por Gil nos acréscimos.

Nem bem o segundo tempo começou e Mantuan, negociado com o Zenith, também se machucou e teve de ser trocado pelo menino Geovane. Que fase!

Mais um pouco e o médico corintiano teria de entrar em campo, mas para jogar.

O Corinthians jogava contra o mau time do Boca, contra a pulsante Bombonera, contra as lesões e contra o relógio.

Seria Geovane o Romarinho da vez, embora o Boca seguisse alugando o campo defensivo paulista?

Quando o Corinthians se aventurava, o Boca contra-atacava e Benedetto perdia o gol.

Uma falta clara não marcada em Giuliano, na entrada da área, revoltou o banco alvinegro.

O jogo chegava aos 60 minutos…aos 70…

Aos 72', Roni, Bruno Mendez e Bruno Melo, nos lugares de Du Queiroz, Rafael Ramos e Giuliano.

80 minutos…

Fosse qual fosse o resultado final, inegável que a atuação corintiana era digna, dentro do possível, sem ameaçar o Boca, mas se defendendo com altivez.

A arbitragem uruguaia não era desastrosa, mas era caseira.

85…

86…

87…

88…

89…

90…

Cinco minutos de acréscimos, com o Boca na pressão, mas sem que Cássio precisasse trabalhar.

91…

92…

Era só cruzamento na área, sem riscos.

Heroísmo não havia, porque o Boca não exigia, mas competência, com grandes atuações de Gil e Fábio Santos.

93…

94…

95…e viriam os pênaltis.

Enfim, seria hora de os goleiros trabalharem, coisa que não fizeram durante 100 minutos.

Rojo fez 1 a 0.

Fábio Santos empatou.

Izquierdoz fez 2 a 1.

Cantillo empatou.

Villa bateu e Cássio pegou!

Raul Gustavo bateu e Rossi pegou.

Fernández fez 3 a 2.

Bruno Melo bateu e Rossi pegou de novo em grande defesa.

Benedetto mandou a bola que valeria a vaga em Córdoba.

Roger Guedes empatou.

Romero fez 4 a 3.

Roni empatou.

Varela fez 5 a 4.

Lucas Piton empatou.

Ramirez bateu e Cássio pegou!!!

Gil classificou o Timão para as quartas de final!!!! Contra Flamengo ou Tolima, dois times que já eliminaram o Corinthians da Libertadores.

O Corinthians fez o que só, entre os brasileiros, o Santos de Pelé havia feito, em 1963: venceu o Boca na Bombonera em jogo decisivo pela Libertadores.

Um verdadeiro BOMBONERAZO!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/