Manuel não é da Fiel, Cano é o cão e Fred, imortal

Esfacelado, o Corinthians começou com coragem diante do superior e descansado Fluminense no Maracanã em tarde colorida.
Junior Moraes até quase abriu o placar, mas Fábio impediu.
À medida que o tempo passava o toque de bola tricolor se impôs com seguidas oportunidades que culminaram em escanteio cobrado por Arias e cabeceado por Manoel para o fundo da rede: 1 a 0, aos 18 minutos.
Zagueiro artilheiro do Fluminense, Manoel defendeu o Corinthians em 2019 e marcou três vezes em 59 jogos.
Estava aberto o caminho para uma vitória tranquila no vergonhoso gramado do Maracanã, criticado pelos dois times.
Com 70% de posse de bola, o Flu, sob o comando do maestro Paulo Henrique Ganso, dominava sem correr riscos, diante do alvinegro aguerrido, mas impotente.
O Flu voltava a liderar o confronto na história, com a 42ª vitória contra 41 derrotas, no clássico de número 116.
Na verdade, desde 1976, nas semifinais do Campeonato Brasileiro, que o Flu não recebia o rival com tanto favoritismo, embora, então, a Máquina tenha sido eliminada depois de 1 a 1 no tempo normal e derrota nos penais para o time comandado por Roberto Rivellino.
Por preciosismo, Arias não ampliou aos 34' , mas aos 41', nova bola parada, em falta nascida de uma inversão de cobrança de lateral, e o mesmo Arias pôs de novo a bola na cabeça de Cano para fazer 2 a 0.
Era justo.
Restava ao Corinthians não ser goleado no segundo tempo.
Fábio Santos, no lugar de Piton, e Mantuan, no de Bruno Mendes, vieram para a etapa final no Alvinegro.

Fernando Diniz, que jogou no Corinthians em 1997/98, por 50 vezes com dois gols, e é corintiano de coração, não mexeu, porque não tinha mesmo que mexer.
Aos 12', Vitor Pereira trocou Cantillo e Júnior Moraes por Giuliano e Roger Guedes.
Ganso, encantado, sentiu o músculo e deu lugar a Alexandre Jesus, quatro minutos depois.
Quando o Corinthians conseguia alguma coisa na frente, Manoel aparecia para impedir o perigo, como fez uma vez com Mantuan e outra com Roger Guedes.
O Fluminense esperava o Corinthians, deixava a bola, não corria risco e esperava um erro para acabar de matar o jogo.
Mas nem precisou de erro, porque saiu em contra-ataque aos 25', de pé em pé, virada de jogo até chegar em Cano para fazer 3 a 0.

Germán Cano é o cão chupando manga!
O dinizismo se impunha no festivo Maraca, com quase 45 mil torcedores.
Aos 38', Cano deu lugar a Fred que, depois de comandar a torcida em seus cantos, entrou para fazer seu penúltimo jogo com a camisa tricolor.
E na primeira bola que pegou na área, fez o 4 a 0, o da goleada, o 199º com a camisa do Fluminense.

O artilheiro, imortal, chorou de emoção.
O Corinthians caía de quatro e para o terceiro lugar.
O primeiro milagre no Maracanã não foi possível.
Na 3ª feira tentará o segundo, na Bombonera.
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