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Blog do Juca Kfouri

Manuel não é da Fiel, Cano é o cão e Fred, imortal

Juca Kfouri

02/07/2022 17h44

Esfacelado, o Corinthians começou com coragem diante do superior e descansado Fluminense no Maracanã em tarde colorida.

Junior Moraes até quase abriu o placar, mas Fábio impediu.

À medida que o tempo passava o toque de bola tricolor se impôs com seguidas oportunidades que culminaram em escanteio cobrado por Arias e cabeceado por Manoel para o fundo da rede: 1 a 0, aos 18 minutos.

Zagueiro artilheiro do Fluminense, Manoel defendeu o Corinthians em 2019 e marcou três vezes em 59 jogos.

Estava aberto o caminho para uma vitória tranquila no vergonhoso gramado do Maracanã, criticado pelos dois times.

Com 70% de posse de bola, o Flu, sob o comando do maestro Paulo Henrique Ganso, dominava sem correr riscos, diante do alvinegro aguerrido, mas impotente.

O Flu voltava a liderar o confronto na história, com a 42ª vitória contra 41 derrotas, no clássico de número 116.

Na verdade, desde 1976, nas semifinais do Campeonato Brasileiro, que o Flu não recebia o rival com tanto favoritismo, embora, então, a Máquina tenha sido eliminada depois de 1 a 1 no tempo normal e derrota nos penais para o time comandado por Roberto Rivellino.

Por preciosismo, Arias não ampliou aos 34' , mas aos 41', nova bola parada, em falta nascida de uma inversão de cobrança de lateral, e o mesmo Arias pôs de novo a bola na cabeça de Cano para fazer 2 a 0.

Era justo.

Restava ao Corinthians não ser goleado no segundo tempo.

Fábio Santos, no lugar de Piton, e Mantuan, no de Bruno Mendes, vieram para a etapa final no Alvinegro.

Fernando Diniz, que jogou no Corinthians em 1997/98, por 50 vezes com dois gols, e é corintiano de coração, não mexeu, porque não tinha mesmo que mexer.

Aos 12', Vitor Pereira trocou Cantillo e Júnior Moraes por Giuliano e Roger Guedes.

Ganso, encantado, sentiu o músculo e deu lugar a Alexandre Jesus, quatro minutos depois.

Quando o Corinthians conseguia alguma coisa na frente, Manoel aparecia para impedir o perigo, como fez uma vez com Mantuan e outra com Roger Guedes.

O Fluminense esperava o Corinthians, deixava a bola, não corria risco e esperava um erro para acabar de matar o jogo.

Mas nem precisou de erro, porque saiu em contra-ataque aos 25', de pé em pé, virada de jogo até chegar em Cano para fazer 3 a 0.

Germán Cano é o cão chupando manga!

O dinizismo se impunha no festivo Maraca, com quase 45 mil torcedores.

Aos 38', Cano deu lugar a Fred que, depois de comandar a torcida em seus cantos, entrou para fazer seu penúltimo jogo com a camisa tricolor.

E na primeira bola que pegou na área, fez o 4 a 0, o da goleada, o 199º com a camisa do Fluminense.

O artilheiro, imortal, chorou de emoção.

O Corinthians caía de quatro e para o terceiro lugar.

O primeiro milagre no Maracanã não foi possível.

Na 3ª feira tentará o segundo, na Bombonera.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/