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Blog do Juca Kfouri

A série “Adriano, Imperador”

Juca Kfouri

25/07/2022 15h55

Estreou no streaming da Paramount+ a série "Adriano, Imperador".

É tão imperdível como a sobre Casagrande, na Globoplay, não por acaso dirigido pela mesma Susanna Lira.

Não passa pano, não glamoriza, é reveladora.

Reveladora do Brasil, do sensacionalismo de certa imprensa, da falta de sensibilidade, e da ignorância, para tratar da dependência química e, principalmente, da personalidade de Adriano, o craque que deixou milhões de euros para retomar seu vínculo com a Vila Cruzeiro, a comunidade onde cresceu e da qual jamais se desligou.

Adriano não é expansivo como Casagrande, embora igualmente sincero.

O gatilho da depressão que o atingiu está na morte repentina do pai, seu herói.

Ou melhor, no fato de Adriano não ter chegado a tempo da Itália para o enterro, o que Freud explica à perfeição ao tratar da necessidade humana em tratar plenamente o luto.

Adriano não nega as amizades com quem enveredou por caminhos impostos pela miséria, permanece leal aos amigos de infância, tem avó, mãe e tias encantadoras e foi um centroavante demolidor, no que o documentário se esbalda em lances espetaculares.

O homenzarrão chora sem pudor e mostra a fragilidade de quem subiu às alturas para se esborrachar com a mesma magnitude.

De quebra, a série, em três capítulos de um tempo de jogo de futebol cada um, mostra Ronaldo Fenômeno, que o acolheu na Inter de Milão, surpreendente, em depoimento profundamente humanista.

Que, aliás, sugere o óbvio: a diretora Susanna Lira deve um documentário sobre ele.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/