A série “Adriano, Imperador”

Estreou no streaming da Paramount+ a série "Adriano, Imperador".
É tão imperdível como a sobre Casagrande, na Globoplay, não por acaso dirigido pela mesma Susanna Lira.
Não passa pano, não glamoriza, é reveladora.
Reveladora do Brasil, do sensacionalismo de certa imprensa, da falta de sensibilidade, e da ignorância, para tratar da dependência química e, principalmente, da personalidade de Adriano, o craque que deixou milhões de euros para retomar seu vínculo com a Vila Cruzeiro, a comunidade onde cresceu e da qual jamais se desligou.
Adriano não é expansivo como Casagrande, embora igualmente sincero.
O gatilho da depressão que o atingiu está na morte repentina do pai, seu herói.
Ou melhor, no fato de Adriano não ter chegado a tempo da Itália para o enterro, o que Freud explica à perfeição ao tratar da necessidade humana em tratar plenamente o luto.
Adriano não nega as amizades com quem enveredou por caminhos impostos pela miséria, permanece leal aos amigos de infância, tem avó, mãe e tias encantadoras e foi um centroavante demolidor, no que o documentário se esbalda em lances espetaculares.
O homenzarrão chora sem pudor e mostra a fragilidade de quem subiu às alturas para se esborrachar com a mesma magnitude.
De quebra, a série, em três capítulos de um tempo de jogo de futebol cada um, mostra Ronaldo Fenômeno, que o acolheu na Inter de Milão, surpreendente, em depoimento profundamente humanista.
Que, aliás, sugere o óbvio: a diretora Susanna Lira deve um documentário sobre ele.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/