CBF queima a Copa Verde como a Amazônia
POR ANTONIO CARLOS SALLES*
Ednaldo Rodrigues, empossado na CBF desde maio e no rastro dos mesmos escândalos que agora derrubaram o presidente da CEF, disse em entrevista que "iria virar a página" à frente da entidade.
Pelo jeito, ainda não leu sequer a introdução do vasto relatório à disposição de seus assessores sobre a viabilidade econômica, social e ambiental que embasa a realização da Copa Verde (CV).
Assim como também não se dedicou a entender o significado global que a CV tem aos olhos do mundo, quando se fala em Amazônia e de sua visibilidade mundial como vetor de sustentabilidade, em meio ao desvario, das boiadas que passam e das falcatruas, crimes e tráficos diversos que a floresta aceita sem resistência, entregue que está à perdição oficial.
Alguém precisa alertar o nordestino Ednaldo que há 11 Federações interessadas na realização da CV, e não apenas no Norte, como também no Centro-Oeste e até no Sudeste, uma estranha concessão ao Espírito Santo, um daqueles penduricalhos que somente os corredores pouco iluminados da CBF podem explicar.
Cabe também ao grupo de dirigentes das Federações, lutar para desfazer o rótulo de baixíssima notabilidade e prestígio, que aceitam de forma subserviente em suas representações junto à CBF, mas importantíssimas na hora de declarar o voto na eleição a presidente.
Umas muito, outras menos e uma, que pode reequilibrar o jogo de forças a favor do futebol regional, com a liderança do empresário recém-eleito para Federação Paraense de Futebol.
É necessário levar à CBF o significado do impacto regional que o futebol produz e sua associação direta, diferenciada e moderna ao novo diálogo mundial com base em Governança, Meio Ambiente e Segurança, a chamada pauta ESG.
A CBF precisa saber que o futebol do Norte do país, com especial destaque para Belém do Pará e Manaus, apresenta índices de público nos estádios que são superiores aos da Copa do Brasil e de muitos jogos da Séries A e B do Brasileiro.
São times tradicionais, do começo do Século passado, com torcidas arraigadas na misture de fé e paixão, que levam suas conquistas para muito além da floresta amazônica.
E que em realizações anteriores, a Copa Verde atraiu a atenção dos correspondentes estrangeiros que vivem no Brasil, produzindo matérias não apenas esportivas mas de todo o caldo cultural, turístico e ambiental da região.
Uma rápida pesquisa nos principais diários esportivos globalizados, como SkySports, A Bola, Corrierre Dello Sport, Marca, Don Balón, as e La Gazzetta Dello Sport, mostram o impacto que a CV produz, no futebol e na economia regional.
E então, presidente Ednaldo. Vamos tomar um tacacá quentinho e dar a Copa Verde sua real importância?
Os torcedores da Amazonia lhe fazem o convite, com a hospitalidade de sempre.
*Antonio Carlos Salles é jornalista.
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