Carta aberta ao senador Rodrigo Pacheco

Caro senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional:
Como sabe muito bem o caro presidente, autor e de atuação decisiva na oportuna aprovação da lei da SAF, desde de dezembro 2016 vigora no país a obrigatoriedade da execução do Hino Nacional antes dos eventos esportivos, Lei 13.413.
A intenção era elogiável, no sentido de estimular o civismo de nosso povo.
Decorridos quase seis anos, porém, o que se vê e ouve em nossos estádios é o inverso.
Não apenas ninguém canta, como, ao contrário, nem sequer se faz silêncio em respeito ao Hino.
As torcidas, em regra sem exceção, entoam os cantos de seus clubes enquanto se dá a execução do Hino.
Nelson Rodrigues já dizia que o Maracanã vaia até minuto silêncio e a prática contaminou o Brasil. Note o desdém em relação às vítimas da pandemia.
Daí o pedido de que a lei seja revogada, exatamente em nome do respeito ao hino pátrio.
Além do mais, caro senador, quando os jogos são contra equipes estrangeiras, é cometida a falta de educação de não se tocar o hino do país do clube visitante.
Para quem, como este que faz o apelo, se comove com o Hino, soa como ofensa o comportamento, repita-se, unânime, das torcidas brasileiras.
Ninguém aprende a ser patriota por lei, mas por educação, e nas escolas.
Sem mais, atenciosamente,
Juca Kfouri
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