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Blog do Juca Kfouri

Remo inoculante, a um passo de evitar o tri no Pará

Juca Kfouri

04/04/2022 09h15

POR ANTONIO CARLOS SALLES*

O Clube do Remo largou na frente ontem (3/4) para a decisão do 110o. título estadual ao golear o rival Paysandu por 3 a 0, placar confortável para o jogo de volta na próxima semana. 

O Remo está muito próximo do quadragésimo sétimo título estadual de sua história, enquanto que o Paysandu, se não reagir, ficará sonhando com o quinquagésimo título paraense e com o tricampeonato.

A disputa pelo título estadual existe desde 1908. 

Mas a partir de 2003, os dois clubes chegam fácil à conquista de bicampeonatos, mas não ao tri.

Dessa vez, o Paysandu tinha certeza, de que o tricampeonato viria. Mas o Remo está muito próximo de evitar..

Lugar cativo e histórico nas figuras do Papão e Leão, mitos amazônicos da expressão de força, fúria e atemorizantes que representam os dois clubes, dessa vez foram trocados, de acordo com o olhar clínico e atento do jornalista Carlos Ferreira.

Ao acompanhar os treinamentos finais de Remo e Paysandu para a decisão do 62o título do futebol paraense entre os dois clubes, o jornalista viu nas instruções dos técnicos detalhes táticos e refinados que lembram as picadas de uma cobra coral, cascavel ou naja. 

Cobras venenosas, no dizer dos especialistas, defendem-se de eventuais ameaças valendo-se da espreita camuflada e surpreendente para inocular a dose certeira de veneno que irá combalir a defesa terapêutica e afrouxar sistema imunológico de suas presas. 

Ferreira viu nos dois treinadores e na aplicação dos elencos estratégias peçonhentas, sutis e paralisantes para deixar o adversário cambaleante, pronto para receber a picada letal, ante a força brutal dos animais que representam os dois times. 

Uma estratégia à Abel Braga, na conquista do título carioca pelo Fluminense semana passada. 

Os detalhes do jogo de domingo são bem evidentes dessa teoria. 

O Paysandu atacou mais, chutou mais vezes ao gol e nada produziu.

O Remo atacou cinco vezes e fez três gols. 

Ação certeira de time que não perde o bote, ou a mordida na veia grossa para enxertar veneno na corrente sanguínea e paralisar o adversário. 

A vitória remista mostrou que as presas estão afiadas para o jogo final e que o estoque de veneno não foi totalmente usado pelos atletas azulinos. 

Ao Paysandu, restaram litros de soro antiofídico para ver se é capaz de alterar o placar largo e venenoso a favor do Remo.

Os jogos decisivos estão sendo disputados nos tradicionais estadios dos dois clubes, como não acontecia faz longo tempo. 

O jogo de ontem foi no Antonio Baena (Remo) e o próximo será no Leonidas Castro (Paysandu), uma vez que o Mangueirão somente reabrirá em setembro, após obras de modernização e adequação às novas exigências internacionais. 

O Remo picou três vezes e acertou a presa. 

O Paysandu, que se vire agora atrás de um soro bom. E de algum futebol. 

*Antonio Carlos Salles é jornalista.

Nota do blog: ao contrário do publicado originalmente, o Remo não lutava pelo tricampeonato e sim o Paysandu.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/