Esperando o gol do…
POR LUIZ GUILHERME PIVA
O time do Palmeiras eram vários Vladimir e Estragon esperando que o gol salvador viesse.
Do mesmo jeito no primeiro tempo e no segundo tempo. Do mesmo jeito no tempo normal e na prorrogação.
E as folhas da esperança do palmeirense, como eu, em lugar de crescerem, caindo da árvore.
Mas ali.
Esperando, esperando, esperando, esperando.
Esperando o quê?
Talvez o Endrick. Na prorrogação, todos cansados, uma bola solta, velocidade, criatividade, talento – e o gol.
Mas o palmeirense olhou e viu entrarem Wesley, Jaílson, Pozzo, Rafael Navarro, Deyverson, Lucky e Atuesta.
E teve a ilusão de que, ao final de cada ato, o menino passava perto dele e dizia que agora não, mas que talvez daí a pouco viesse.
O palmeirense então olhava pro banco e ficava esperando, esperando, esperando, esperando o Endrick.
Que não veio.
Em homenagem a Samuel Beckett (1906-1989), o autor irlandês que fez "Esperando Godot", uma das principais peças do chamado teatro do absurdo.
Luiz Guilherme Piva publicou "Eram todos camisa dez" e "A vida pela bola" – ambos pela Editora Iluminuras
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/