Um lamento pela venda de Michael
Lamento sempre as vendas de jogadores brasileiros para o exterior.
Por mais que as entenda e saiba que são necessárias.
Mas, é irrefutável, que revelam sempre a fragilidade de nossos clubes, com raras exceções.
O lamento pela ida de Michael para o futebol árabe tem, no entanto, um quê de preocupação.
Michael já expôs corajosamente suas fragilidades, padeceu de depressão na Gávea, deu um duro danado para se impor no timaço do Flamengo, superou a desconfiança da crítica porque sob muitas dúvidas se teria personalidade e bola para trocar a camisa esmeraldina do Goiás pela rubro-negra.
Pois ele veio, padeceu e venceu! Com louvor.
Se tivesse sido vendido para o futebol português, espanhol, ou mesmo italiano, o lamento seria sem a preocupação adicional.
Mas ir viver na Arábia Saudita, cuja língua jamais apreenderá, onde os hábitos e a cultura nada têm a ver com o mundo dele, pode ser nova rota de sofrimento que dinheiro algum paga.
O lucro do Flamengo na transação, algo em torno de 7 milhões de reais, também não justifica, por mais que o clube tenha já trazido o excelente Marinho para o lugar ou possa recuperar o futebol de Cebolinha, como se especula.
Temo mesmo que Michael, aos 25 anos, esteja indo viver uma aventura com poucas chances de dar certo.
E torço para estar errado, para que ele alcance no Al Hilal o enorme sucesso que viveu no Rio.
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