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Blog do Juca Kfouri

Clube do Remo ganha a Copa Verde. E agora?

Juca Kfouri

12/12/2021 16h17

POR ANTONIO CARLOS SALLES*

Foi nos penalties e foi chorado.

O Clube do Remo conquistou sua primeira Copa Verde depois de dois empates sem gols com o Vila Nova (GO) no sábado (11), e transformou a capital paraense num imenso oceano azul, aquele mar azul e intenso, das águas profundas.

Festa épica e emblemática. O Remo não conquistava um título jogando no estádio Evandro Almeida, região central da cidade, havia mais de 40 anos.

Ano passado a equipe azulina perdeu a disputa final nos penalties para o Brasiliense e na decisão de 2015, fez 4 a 1 contra o Cuiabá no jogo de ida, placar que sugeria um título folgado, mas perdeu o jogo de volta por 5 a 1.

Não à toa a conquista de 2021 enebriou a enorme torcida remista, ainda incrédula e sem entender como um time que oscilou entre os 12 primeiros durante grande parte da Série B, com chances reais de lá permanecer, definhou de forma grotesca nas rodadas finais do campeonato e está de volta à C, onde permaneceu o Paysandu.

A chegada de Eduardo Batista para dirigir o time na reta final da B e para a Copa Verde foi uma decisão para o futuro.Agora é ajustar o que der e planejar o recheado e espremido calendário da temporada 2022.
Um dos clássicos mais jogados do mundo promete reencontros apimentados no próximo ano, aquecimento regional para a Copa do Mundo, no Catar.

Mas a Copa Verde merece mais.

Mais atenção e mais amplitude. Da visibilidade à premiação, dos que organizam e dos que participam.
A Copa Verde pode rivalizar em atenção com a Copa do Nordeste, assim como seus principais clubes podem alcançar o equilíbrio que desfruta o maranhense Sampaio Correa, por exemplo.
A ação pede ousadia e descolamento político partidário.

Copa Verde é um nome forte e está intimamente ligado à preservação da floresta Amazônica, diariamente vilipendiada no desrespeito às comunidades indígenas e ribeirinhas, na exploração dos garimpos ilegais e no desmatamento sem freios.

A plataforma Terra Brasílis informa que cerca de 17% do bioma Amazônia já foram desmatados. Um descalabro!

O futebol pode e deve ser um agente educador sobre a importância do "Inferno Verde", para usar a expressão do pesquisador Alberto Rangel, nos estudos sobre a região feitos no Século passado.Como seu orientador Guimarães Rosa, Alberto Rangel era apaixonado por futebol.

E por florestas.

*Antonio Carlos Salles é jornalista.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/