Landim troca de técnicos como de amigos

Primeiro, Rodolfo Landim contratou Abel Braga e disse que "ele tem tudo que o Flamengo necessita no momento".
Estávamos no dia 11 de dezembro de 2018.
Em 29 de maio de 2019, o treinador, por se sentir traído, caiu fora: "Jamais estive preparado para covardias e articulações. O que não suporto é traição", desabafou na saída, depois de cinco meses.
Aí veio Jorge Jesus, no dia 1º de junho de 2019, conexão zero com o estilo de Abel Braga, um tiro no escuro como outro qualquer com a diferença de que deu sorte: "Acho que com isso, os nossos objetivos podem ser alcançados", apostou Landim.
O tiro atingiu o meio do alvo.
Mas JJ voltou para casa em 17 de julho de 2020.
De lá para cá tem sido uma permanente dança de cadeiras.
O espanhol Domènec Torrent durou de 31 de julho a 9 de novembro de 2020, até ser trocado por Rogério Ceni, que ficou de 10 de novembro a 12 de julho de 2021.
Ao apresentar Ceni, Landim cravou: "Certeza de que será uma parceria muito vitoriosa", assim como tinha ao anunciar Torrent: "Deixamos de ter um grande técnico, mas continuamos com um grande técnico".
No dia seguinte a demissão de Ceni, Landim fechou com Renato Gaúcho, com cláusula de renovação automática caso o cartola se reeleja na presidência da Gávea, coisa que repudiara ao assumir o clube.
Portaluppi acaba de ser demitido.
Como empresário o currículo de Landim é conhecido, que o digam o Ministério Público Federal e a Justiça que o fizeram réu por fraude de 100 milhões de reais em fundos de pensão.
Andrés Sanchez um dia acreditou que o apoio do presidente da República bastaria para fazer do Corinthians um dos três maiores clubes do mundo.
Landim faz mais ou menos o mesmo e já quebrou a cara ainda antes de ganhar o Mundial de Clubes.
Além de trocar de treinadores como de amigos.
Se dizia amigo de Dilma Rousseff e hoje bajula Jair Bolsonaro.
Era unha e carne com Eike Batista e rompeu até ao levá-lo aos tribunais, onde, aliás, perdeu. Quis tomar 493 milhões de reais do antigo parceiro e acabou pagando 1 milhão ao advogado dele.
E você não teria demitido Renato Gaúcho?, pode perguntar o leitor.
Eu não o teria contratado.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/