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Blog do Juca Kfouri

Landim troca de técnicos como de amigos

Juca Kfouri

29/11/2021 15h33

Primeiro, Rodolfo Landim contratou Abel Braga e disse que "ele tem tudo que o Flamengo necessita no momento".

Estávamos no dia 11 de dezembro de 2018.

Em 29 de maio de 2019, o treinador, por se sentir traído, caiu fora: "Jamais estive preparado para covardias e articulações. O que não suporto é traição", desabafou na saída, depois de cinco meses.

Aí veio Jorge Jesus, no dia 1º de junho de 2019, conexão zero com o estilo de Abel Braga, um tiro no escuro como outro qualquer com a diferença de que deu sorte: "Acho que com isso, os nossos objetivos podem ser alcançados", apostou Landim.

O tiro atingiu o meio do alvo.

Mas JJ voltou para casa em 17 de julho de 2020.

De lá para cá tem sido uma permanente dança de cadeiras.

O espanhol Domènec Torrent durou de 31 de julho a 9 de novembro de 2020, até ser trocado por Rogério Ceni, que ficou de 10 de novembro a 12 de julho de 2021.

Ao apresentar Ceni, Landim cravou: "Certeza de que será uma parceria muito vitoriosa", assim como tinha ao anunciar Torrent: "Deixamos de ter um grande técnico, mas continuamos com um grande técnico".

No dia seguinte a demissão de Ceni, Landim fechou com Renato Gaúcho, com cláusula de renovação automática caso o cartola se reeleja na presidência da Gávea, coisa que repudiara ao assumir o clube.

Portaluppi acaba de ser demitido.

Como empresário o currículo de Landim é conhecido, que o digam o Ministério Público Federal e a Justiça que o fizeram réu por fraude de 100 milhões de reais em fundos de pensão.

Andrés Sanchez um dia acreditou que o apoio do presidente da República bastaria para fazer do Corinthians um dos três maiores clubes do mundo.

Landim faz mais ou menos o mesmo e já quebrou a cara ainda antes de ganhar o Mundial de Clubes.

Além de trocar de treinadores como de amigos.

Se dizia amigo de Dilma Rousseff e hoje bajula Jair Bolsonaro.

Era unha e carne com Eike Batista e rompeu até ao levá-lo aos tribunais, onde, aliás, perdeu. Quis tomar 493 milhões de reais do antigo parceiro e acabou pagando 1 milhão ao advogado dele.

E você não teria demitido Renato Gaúcho?, pode perguntar o leitor.

Eu não o teria contratado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/