Ba-Vô e Gre-Nau
POR HUMBERTO MIRANDA*
POR HUMBERTO MIRANDA*
Em tempos pandêmicos, tudo muda. Os velhos clássicos do futebol desaparecerem e os grandes clubes fazem campanhas pífias. O Flamengo é um fracasso absoluto, a grande decepção da temporada. Podia tudo e, de repente, nada.
O Palmeiras trouxe um português para chamar de seu mister e venceu com um futebol de gente pequena. Ou, para não soar preconceituoso, um futebol verdinho, longe de ser verdão. Eu cheguei a pensar que Abel era pastor daquelas ovelhas. Não eram porcos? Agora, todos eles sofrem. É a sofrência individual a serviço de deus, uma autovitimização alienada e em busca de recompensa. Vigarice eterna de jogador endinheirado e em dívida com a empresa da atual presidenta. Deus acima de todos e negócios por toda parte. Ser bicampeão em cima do imbatível Mengão não é pra qualquer um, mas eles atribuem a deus. Fazer o quê?
Até o Majestoso não entusiasmou ninguém nessa temporada. O São Paulo, com mito e tudo, anda vacilante. Paga a aposentadoria de Daniel na Europa e por aqui amarga o meio da tabela. O Corinthians foi jogando pelas beiradas, sem que ninguém prestasse atenção, sem badalação… Era mesmo o Timão? Até quando parece não ter rumo nem direção ele chega. Isto é incrível.
Enquanto isso, no Nordeste, o Vitória aprontou mais uma. Não quis seguir o exemplo do rival, trouxe seu velho cartola, Paulo Carneiro, de volta. A diretoria em crise, time idem. Resultado: rebaixamento para a série C. O Vitória corre o mesmo risco do Santa Cruz de acabar ficando na D. Agora, o clássico Bavi é coisa do passado. Bahia e Ceará disputam todo ano a hegemonia. É o Ba-Vô.
Inusitado mesmo é o provável descenso do Grêmio. Até o imortal está se abalando fácil. Renato Gaúcho recebeu uma boa herança de Roger, mas não deixou nada, além de sua estátua, no Olímpico. A diretoria do Grêmio quis tanto reeditar a Batalha dos Aflitos em Salvador que poderá realizar o intento ano que vem em Recife. Vamos ter Gre-Nau na série B?
Somente o Galo, sem rival também, reina absoluto. Trouxe o monstro Hulk e bastou. Minha alegria foi ver o choro de Reinaldo, eterno Rei, na arquibancada e o retorno do Botafogo à série A. Dá até esperança…
Bora baheeeea. Pois o dragão do Atlético Goianiense cospe fogo, mas não assusta.
*Humberto Miranda é professor de Economia na UNICAMP e confia tanto no Bahia que escreveu antes do jogo de daqui a dez minutos contra o Atlético Goianiense, em Goiânia.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/