Nascidos um para o outro

POR JOSÉ LUIZ PORTELLA
Renato Gaúcho e o Flamengo foi um casamento perfeito.
Acho Renato um técnico razoável nenhuma Brastemp, vagando entre uma nota 6,0 e 7,5, nos melhores momentos. Não é um estrategista, não substitui bem , mas dá pegada ao time, como bom gaúcho; e sabe lidar com o vestiário, é bom de vestiário, se entende bem com os jogadores.
Já a diretoria do Flamengo, o presidente principalmente, acho um desastre.
Mas, os opostos se atraem. E se atraem pelas coincidências.
Ambos, técnico e presidente são terrivelmente presunçosos, arrogantes e provocam anticorpos.
Se Renato vencer a Copa Libertadores, voltará toda a empáfia que havia quando ganhou títulos no Grêmio, e a "pinimba" que tem com Jorge Jesus, numa disputa de egos. O português também é metido.
Nesse sentido; arrogância, prepotência, Renato e diretoria foram feitos um para o outro e servem para tornar o Flamengo, clube de apelo popular, em time antipático, que as pessoas mais neutras no futebol, torcem para perder. Imagine os outros torcedores. Ontem, o time com maior torcida no Brasil era o Furacão, apesar do Petraglia.
Em vez de transformarem o Flamengo em clube modelo para ajudar a alçar o futebol brasileiro em termos de gestão e profissionalismo, Renato e presidente, se esforçam por torná-lo opaco, desagradável e pouco atrativo.
E não dão a menor bola para isso, até parecem gostar, poque apreciam se diferenciar pela soberba.
Contudo, a vaidade come o vaidoso. Assim como a esperteza.
Quase todo mundo tem alguma vaidade, é normal, as pessoas precisam de autoestima e pensar que são melhores do que são. Senão, caem em depressão.
O problema são os excessos, a constância e a subestimação dos outros. E o resultado.
Millôr Fernandes disse: "Não ter vaidade, é a maior de todas".
Porém, também alertou para sabermos o que somos ao fim e ao cabo: "O cadáver é que é o produto. O ser humano é apenas a matéria prima".
A entrega de cargo de Renato é um ato que mostra sua personalidade.
Não aguenta as críticas. Deu uma entrevista assumindo a culpa da derrota, numa falsa modéstia, a pior das vaidades; disse que entendia a revolta da torcida; falou em virar a página e pensar no sábado, e pediu demissão. Não suportou a pressão, que dizia entender, e sabia que a um mês da Libertadores, e dias da decisão com o Atlético, a diretoria não iria aceitar. Jogou para a plateia. Para a torcida de si mesmo.
Renato é esperto, mas ninguém é bobo.
Ele tem condições de ganhar a Libertadores. Todavia, seu maior adversário não é o Palmeiras, é ser humilde. Para baixar a bola da altivez, treinar, e passar uma força ao time, que precisa de um comando. Desistir é fugir. Pior, se for uma desistência planejada para não ser. Uma fanfarronice midiática.
Um "me segura senão eu brigo".
Se ele perde a Libertadores, pode pedir demissão, que a diretoria aceita.
Rodolfo Landim terá feito um feito espetacular: perder quase tudo em um ano. Em que achava que ganharia tudo. Ficar dependurado no campeonato do ínclito "Rubão Lopes", vai ser engraçado. Renato e Landim nasceram um para o outro. Mas, o divórcio pode ser litigioso.
As vaidades, na pobreza, não se combinam.
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