Jogadores britânicos ameaçam as casas de apostas no futebol

Os jogadores do Reino Unido ensinam os brasileiros o que fazer contra a utilização indevida de seus dados pelas casas de apostas

POR BEN FISHER, The Guardian

Centenas de jogadores de futebol ameaçam entrar com ações na Justiça contra grandes empresas de jogos, apostas e dados esportivos pelo uso supostamente ilegal de informações pessoais e estatísticas de desempenho, o que pode levar a uma sacudida em uma indústria multibilionária.

O "Project Red Card" está sendo liderado pelo ex-gerente do Cardiff, Russell Slade, e inclui mais de 850 jogadores exigindo compensação pela troca de seus dados.

Jogadores atuais e anteriores da Premier League, da Liga de Futebol Inglesa, da Liga Nacional e da Premiership Escocesa, bem como dirigentes, estão envolvidos.

A equipe jurídica de Slade afirma que os jogadores não recebem nenhum pagamento pelo uso não licenciado de seus dados, o que contraria as regras do Regulamento Geral de Proteção de Dados reforçadas em 2018.

Entende-se que "cartas antes da ação" foram enviadas a 17 grandes empresas, alegando uso indevido de dados.

Os jogadores argumentam que as empresas líderes estão lucrando com seus dados pessoais.

De acordo com o Artigo 4 do RGPD, "dados pessoais" referem-se a uma gama de informações identificáveis, como atributos físicos ou informações fisiológicas.

Slade disse que os dados usados às vezes são imprecisos e que, embora possam ser vistos como triviais, tais informações podem ter ramificações prejudiciais para os jogadores.

O sucesso da Global Sports Data and Technology (GSDT), da qual Slade é proprietário em parte, dependerá da determinação de quem é o proprietário dos dados.

Os jogadores pretendem recuperar os rendimentos perdidos que remontam há seis anos, de acordo com o estatuto de limitações da lei britânica.

Se for bem-sucedido, acredita-se que os pagamentos possam chegar a dezenas de milhares de libras por pessoa.

Slade disse que é hora de as empresas pagarem pelo uso desses dados, após um período de "arrogância e ignorância". A GSDT insiste em que o uso de tais dados não seja coberto por direitos de imagem.

"Estamos muito confiantes de que podemos ganhar qualquer caso, se realmente for a tribunal", disse Slade. "O que preferimos fazer é conversar e resolver o problema com essas empresas que estão coletando os dados, processando os dados e usando-os sem o consentimento dos jogadores. Quero chamar a atenção de todos e resolvê-lo daqui para frente, para que o controle volte aos jogadores, para que saibamos que os dados que estão saindo são precisos e corretos, e um reflexo justo do indivíduo ".