O gol perdido
POR ROBERTO VIEIRA
A bola estava nos pés de José. Um leve toque e seria gol. Mas a bola resvala na grama, toca na sola da chuteira e se perde pela linha de fundo. O título está perdido, as arquibancadas pedem a cabeça de José e sua careira e sonhos chegam ao fim.
José é um perna de pau.
Mas o que aconteceria se José levantasse a cabeça e imaginasse que o toque errado, o gol perdido, as vaias nas arquibancadas, toda tragédia não era apenas mais um aprendizado nessa imensa sala de aula da vida?
Decerto, José tentaria marcar outros gols, jogar outras partidas na vida, até que uma bola iria surgir diante de si como aquela bola perdida.
E com a experiência da vida, José entraria com bola e tudo nas redes adversárias. Saudado como artilheiro e herói. Carregado nos ombros de quem havia jogado pedras sobre ele no passado.
Todos perdemos gols, muitos gols. Alguns difíceis e outros fáceis, singelos, tentos que nos fazem sentir medíocres, perdedores, pernas de pau. Algumas vezes é a grama, noutras são problemas pessoais, quem sabe não era o dia mesmo?
Gols perdidos, amores perdidos, falências, cartas de demissão, acidentes não são erros. Eles podem até ser evitados ou adiados de vez em quando. Ou não. Pode até parecer que só acontecem com você.
Mas gols perdidos são imensas oportunidades de aprendizado. Instantes que podem te tornar uma pessoa muito melhor que o super homem ou artilheiro que você sonhava ser.
Gols perdidos podem te tornar mais sábio, e principalmente, um ser humano com mais compaixão e compreensão dos gols perdidos por teus pais, filhos, cônjuges e amigos.
Porque toda nossa existência terrena é muito maior que dinheiro no bolso, carro do ano ou uma bola na rede…
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/










