Segue a escrita em Itaquera

Sem maior possibilidade na temporada, ao Corinthians resta não perder os clássicos, ao menos.
No Paulistinha tinha conseguido empatar com o Palmeiras depois de estar perdendo por 2 a 0 e vencer o Santos, na Vila Belmiro, o que não acontecia havia 7 anos, por 2 a 0.
Hoje, ao defender a escrita de 13 jogos sem perder para o São Paulo em Itaquera, Vagner Mancini achou de experimentar jogar pela primeira vez com três zagueiros.
Nada contra jogar assim, mas fazer a experiência no Majestoso, soava temerário.

E logo aos 15 minutos, no primeiro escanteio tricolor, Miranda, 1,86m, subiu livre para cabecear sob as vistas de Jemerson, 1,84m, João Victor, 1,87m e Raul, 1,90m, para fazer 1 a 0.

São Paulo com Reinaldo, Liziero, Pablo e Luciano no banco, corretamente poupados para o jogo contra o Racing, na quarta-feira, na Argentina, pela Libertadores. Daniel Alves em casa.
Jogo truncado, com muitas faltas, porque o São Paulo queria voltar para o Morumbi com o fim da escrita em Itaquera e o Corinthians não desejava dormir com mais uma derrota.

Aí, aos 40', Luan fez 1 a 1, num golaço ao bater de três dedos, de primeira, de fora da área, ao receber de Ramiro, no ângulo, indefensável.
Um gol gremista nascido da rapidez com que Piton bateu lateral pela esquerda.

Quando o intervalo chegou o 1 a 1 assinalava o quarto empate em 14 jogos, mas ainda havia 45 minutos pela frente e o Tricolor tinha armas no banco que faltam ao Alvinegro.
Esperava-se mais futebol e menos virilidade.
A expectativa começou a ser atendida nos dez primeiros minutos, com o Corinthians mais ligado e agressivo e com Luan furando o 2 a 1 na pequena área, de maneira incrível.
Num embate entre Luans, o do Corinthians levou a pior e tomou cartão amarelo.
Sem ser brilhante, o tempo final era bem melhor, mais solto, com o São Paulo subindo as linhas e pressionando.
Hernán Crespo, aos 20', tratou de começar a buscar novas opções no banco, ao sacar Nestor e Igor Gomes para que Liziero e Luciano pudessem jogar.
Se Crespo propusesse a Mancini o empate antes do começo do jogo o corintiano certamente aceitaria. Mas o argentino queria ganhar.
Aos 25', o jogo voltou a ficar pegadíssimo.
Mosquito dentro, Otero fora, aos 28'.
Como a temperatura na zona leste paulistana, o nível técnico caía a olhos vistos.
Pablo e Benítez, aos 32', nos lugares de Victor Bueno e Galeano.
Era hora de decidir o Majestoso.
Curiosidade: o último jogo do Corinthians será contra o Novorizontino, que briga pela vaga com o Palmeiras.
Surpresa: aos 39', Fagner foi à linha de fundo e deu para Mosquito virar o Majestoso: 2 a 1.

Ah, o futebol proporcionava o repeteco do ano passado, quando o São Paulo liderava o Brasileirão e um gol de Otero deu a vitória ao Timão em sua casa. O Tricolor vinha de oito vitórias seguidas.
Aos 41', o tempo fechou entre Benitez e Raul, porque clássico é clássico e vice-versa.
Ramiro saiu e Roni entrou, aos 43'.
O jogo não estava resolvido, mas a escrita, aparentemente, permaneceria.
Gil no lugar de Piton e Mateus Vital no lugar de Luan foram as últimas mexidas alvinegras, aos 46'.
Aos 48', João Victor fez pênalti juvenil em Pablo e Luciano, ex-Corinthians, bateu para empatar.

Entre mortos e feridos salvaram-se todos e a escrita permaneceu.
Não é nada, não é nada, para a miséria vivida pela Fiel, já é alguma coisa.
Mas que a noite terminou tricolor, terminou.
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