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Blog do Juca Kfouri

Escândalo quase contornado na CBF

Juca Kfouri

13/05/2021 16h44

Provas podem desaparecer por encanto ou negociação

Obscuro e medíocre, Rogério Caboclo assumiu a presidência da CBF por obra e graça do Marco Polo que não viaja e banido do futebol.

Entrou mudo e deveria permanecer calado, leal ao patrono, o que cumpriu até que, embriagado pelo poder, começou a meter os pés pelas mãos onde essas jamais poderiam tocar, porque assuntos exclusivos do chefe. Foi sua desgraça.

O melhor termômetro para medir a permanência de Caboclo no cargo está no comportamento do secretário-menor da CBF, o ex-deputado Walter Feldman, fechado a sete chaves em providencial mutismo.

Se der uma declaração apaziguadora será sinal da continuidade do presidente, mesmo ainda mais fraco como interessa a Del Nero, o traído, mas suficientemente pragmático para engolir flechadas pelas costas para seguir usufruindo das delícias da Barra da Tijuca. Verdade que interrompidas vez por outra pela Operação Postalis, em busca de lavagem de dinheiro, e que levou a Polícia Federal ao seu luxuoso apartamento para aprender documentos, telefones e computadores, como informou o repórter Lauro Jardim.

Caso Feldman permaneça mudo será sinal de luto — ou de luta para manter o salário nunca imaginado sob um novo testa de ferro.

Caso fale será porque as negociações foram bem-sucedidas e eventuais escândalos devidamente contornados, como aliás já se anunciava nesta quinta-feira.

Ia tudo bem até que a monotonia da pandemia passou a prender a cartolagem entre as quatro paredes do ex-edifício José Maria Marin, outro ex-presidente banido, e que sucedeu Ricardo Teixeira por ser o vice-presidente mais velho e acabou sucedido pelo não viajante ao ser, atraiçoado por ele, preso na Suíça.

O isolamento social fez da CBF uma ilha prazeirosa.

Porque trair e coçar é só começar, embora haja traições e traições, algumas pelo poder, outras por sexo, porque do mesmo jeito que existe quem seja ganancioso, há os que querem comer a carne onde ganham o pão, nem sempre com consentimento das pessoas envolvidas, mas com graves poderes de negociação.

O blog parabeniza os bravos repórteres que trouxeram à luz história tão divertida: Pedro Ivo de Almeida, Gabriela Moreira, Martín Fernandez, Paulo Vinicius Coelho e Sérgio Rangel, além de Ancelmo Góis e Lauro Jardim.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/