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Blog do Juca Kfouri

Deu Verdão no xadrez de Bragança

Juca Kfouri

14/05/2021 21h22

De um lado, Maurício Barbieri, brasileiro de São Paulo, 39 anos.

Do outro, Abel Ferreira, português de Penafiel, 42 anos.

Noite fria no tabuleiro de Bragança Paulista, e os dois mestres dispostos a jogar xadrez e buscar o xeque-mate, cada um ao seu estilo.

O Bragantino mantinha as peças sob controle e o Palmeiras buscava a via rápida.

Danilo se movimentou na área e atingiu o travessão do anfitrião.

A resposta veio de Claudinho, de fora da área, de primeira, no travessão.

O duelo era agradável pela disputa tática, com baixa taxa de emoção durante toda a primeira etapa.

A segunda começou com Danilo vendo seu gol evitado pela zaga bragantina na linha fatal.

A impressão era a de que quem abrisse o placar ganharia a vaga na semifinal do Paulistinha.

Em jogo, a invencibilidade do Bragantino como mandante e a do Palmeiras como visitante.

Claudinho parecia estar em prisão domiciliar, tamanha a vigilância sobre seus passos, seus passes, seus chutes.

E os primeiros 15 minutos foram todos alviverdes, mais agressivos, tomando a iniciativa e sentindo que poderiam dar o golpe final.

E pôs a dupla Rony e Luiz Adriano, aos 20', para não de padecer na marca do pênalti, nos lugares de Wesley e Willian Bigode.

Mestre Barbieri tentava a saída caipira, a russa (não procure em manual algum porque acabam de ser inventadas), mas a situação estava era ruça para o Bragantino, que parecia esgotado fisicamente.

E aos 32', Luiz Adriano ligou Scarpa no contra-ataque, o meia enfiou entre as pernas do goleiro Cleiton, a bola bateu mais uma vez no travessão, e Rony, depois de ter de se contorcer, abriu, de cabeça, o placar, repeteco de um filme encenado pelo Palmeiras não é de hoje.

A vitória era absolutamente justa e tranquila, fruto da imposição do elenco e da camisa palmeirenses.

O Palmeiras deve enfrentar o Corinthians, em Itaquera, na semifinal, ou a Ferroviária caso esta elimine o São Paulo, no Morumbi, daqui a pouco.

Os corintianos vão torcer muito pelo time de Araraquara, por mais improvável que seja uma vitória dele, já que a torcida pelo de Bragança não deu certo.

E o Verdão marcha para o bicampeonato estadual.

Mestre Ferreira é louco por uma taça e de xeque-mate em xeque-mate enche o papo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/