Cuca não disse a verdade
Na última segunda-feira, no Posse de Bola, comentei que havia protestos de torcedoras do Atlético Mineiro diante da possível contratação de Cuca como treinador do clube.
Tudo por causa do caso acontecido na Suíça, em 1987, que resultou na condenação dele a 15 meses de prisão por ter participado de violência sexual contra menor num quarto de hotel em Berna, durante excursão do Grêmio.
Falei no podcast que ele precisava pedir desculpas publicamente pelo episódio, única maneira, talvez, de atenuar os protestos, de resto cabíveis e justos.
Eis que hoje Cuca resolveu falar ao blog de Marília Ruiz e foi muito mal.
Incapaz de olhar para a câmera, falseou a verdade e ainda fez a clássica cena de envolver a família na fotografia. AQUI.
Um relato fiel aos fatos está aqui, no jornal gaúcho "terragente", publicado meses depois do episódio:
A "aventura" de Fernando, Henrique, Cuca e Eduardo começou às 15h do dia 30 de julho, quando a menina Sandra Pfäffli, acompanhada de seu namorado e de um amigo, bateu no quarto 204 do Hotel Metrópole, em Berna, onde se hospedava a delegação gremista, em busca de um souvenir do clube.
O que aconteceu no quarto a própria Sandra contou logo depois à policia suíça e ao Jornal Blick de Zurique: "…primeiro os quatro jogadores brasileiros expulsaram do apartamento os dois amigos que me acompanhavam e então os quatro avançaram sobre mim. Três me seguraram, enquanto o outro me violentava. Então veio um segundo brasileiro e me violentou também. Eu tenho medo de ficar grávida, eu não tomo anticoncepcionais".
Tão logo a queixa foi registrada na delegacia de polícia de Berna, os policiais foram até o hotel e prenderam Henrique e Eduardo e mais tarde Cuca e Fernando, os outros dois jogadores. Todos foram mantidos em celas individuais e em presídios diferentes à partir deste momento.
Os dirigentes do clube tentaram abafar o que, à primeira vista, parecia um fato altamente negativo. Só dois dias depois, quando o Grêmio teve de disputar uma partida sem contar com os quatro reservas, é que a noticia chegou ao Brasil. (…) E, como a situação dos presos não melhorava, o Grêmio enviou ao Cantão de Berna um advogado do clube, Luis Carlos Silveira Martins, que se juntou aos dois advogados suíços que tratavam do caso.(…) a versão do próprio advogado do Grêmio não abre espaço para qualquer atenuante: "… um dos jogadores manteve relação sexual completa, outro apenas sexo oral, enquanto um terceiro fez carícias e o quarto foi um 'voyeur' conivente: apenas olhou", declarou Silveira Martins ao jornal Zero Hora do dia 31 de agosto de 1987.
Diferentemente do que tentou passar Cuca ao blog de Marília Ruiz, ele só foi condenado à revelia porque não compareceu ao julgamento com medo de ser preso —- e até 2004 não podia entrar na Suíça, quando a sentença prescreveu.
Não foi extraditado porque o Brasil não extradita nacionais.
Em resumo: Cuca não teve coragem de pedir perdão e provavelmente seguirá sendo alvo de campanhas como as das bravas feministas torcedoras do Galo.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/