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Blog do Juca Kfouri

Palíndromos

Juca Kfouri

10/02/2021 15h49

POR LUIZ GUILHERME PIVA

POR LUIZ GUILHERME PIVA

A data da próxima sexta-feira, 12/02/2021, é considerada palindrômica – ou seja, é um palíndromo, porque é igual lida de trás para a frente. Mais exatamente, é chamada de "capicua", por se tratar de algarismos.

Muita gente se diverte criando frases com essa característica. Mas o melhor no gênero no Brasil é o meu amigo Ricardo Cambraia (nas redes ele é "o palindromista").

Eu não tenho o costume. Arrisquei um ou outro, sem muita graça. Comecei então a tentar montar um time de futebol com jogadores com nomes palindrômicos. Não avancei. Lembrei-me somente do Réver (Atlético) e do Natan (ex-Santa Cruz). Imaginei que devesse existir um Bob e um Oto (ou Otto) em algum lugar, mas desisti.

Eis que o Cambraia, valendo-se de seus arquivos e colegas de ofício, recolheu e me enviou nomes de vários jogadores, além dos quatro acima, de diversas nacionalidades (e realmente existentes): Lawal, Ojo, Latal, Reinier, Eze, Oddo, Sas, Salas, Ono, Kazak, Kok, Nassan, Malam, Savvas, Kabak. E de pelo menos dois técnicos: Sebes e Pep.

Eu senti falta do Radar, um centroavante que, na estreia pelo Flamengo em 1978, fez os 4 gols da vitória rubro-negra de 4 x 0 sobre o Bangu – ou seja, não pode haver time palindrômico sem um artilheiro como esse!

Parêntese.

Há muita confusão entre palíndromos e anagramas. Estes últimos são palavras formadas pela troca de lugar das letras de uma outra palavra: "América" e "Iracema" é o exemplo clássico.

Um anagrama famoso foi feito pelo escritor André Breton com o nome do pintor Salvador Dalí para criticar sua suposta cobiça financeira: "Avida Dollars".

Mas eu diria que, neste caso, trata-se de um "amagrana".

Parêntese.

Voltando ao futebol, qualquer que seja a seleção de jogadores a ser feita, não pode faltar o maior de todos. Na dos palindrômicos não é diferente.

Muitos narradores sempre o mencionaram simplesmente como "ele" – e esse palíndromo bastava para o ouvinte saber de quem se tratava.

Mas se você não sabe eu digo:

Ele, Pelé.
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Luiz Guilherme Piva publicou "Eram todos camisa dez" e "A vida pela bola" – ambos pela Editora ILuminuras

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/