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Blog do Juca Kfouri

Leão na B, Papão na C. É o distanciamento social

Juca Kfouri

17/01/2021 13h36

A torcida do Clube do Remo não poderia estar mais feliz. O clube está de volta à Série B do futebol brasileiro depois de 15 anos e viu o rival histórico não passar na prova final.

O Papão seguirá na C e precisará estudar com afinco se quiser subir de série no próximo ano.

A maior das gozações na era dos memes eletrônicos e de enorme criatividade, mostra o Leão um degrau acima no primeiro lugar no pódio esticando uma fita métrica para o Papão. É o distanciamento social, diz o texto.

Quando o Remo nem da Série D participava, a torcida bicolor chamava o time adversário de "fora de série".

O Remo saiu-se vencedor nos dois jogos da fase final da C contra o Paysandu e garantiu a vaga uma semana antes do final da competição, reflexo pontual do ótimo trabalho do técnico Paulo Bonamigo.

A direção do clube foi ágil em mudar a comissão técnica, que rapidamente ajustou a defesa e viu o artilheiro Salatiel brilhar nos jogos decisivos.

O goleiro Vinicius, com passagem por diversos clubes brasileiros, foi outro dos destaques do elenco. Na eleição de outubro, Vinicius elegeu-se vereador à Câmara Municipal de Belém com maciço apoio de sua torcida.

O excelente desempenho do artilheiro Nicolas, o "Cavani do Norte", 31 gols com a camisa bicolor, foi o ponto fora da curva. Questões disciplinares em campo e falhas técnicas em jogos decisivos impactaram no resultado geral do time.

A festa remista é merecida e irá se estender até que a disputa da Serie B se inicie. Até lá, o Clube do Remo terá tempo suficiente para entender o que fazer na B para ali se manter. Ou subir à A.

Clubes de enorme tradição no futebol brasileiro na B estão e irão continuar, com a quase certeza que outros de mesmo peso estão chegando.

Se um dia quiser subir a régua da competitividade, os campeonatos terão apenas 16 clubes em cada uma das séries, elevando a outro nível a parte técnica da competição.

Cruzeiro, Figueirense, Ponte Preta e Guarani ficam na B. Botafogo e Curitiba deverão se juntar ao grupo. Bahia e Fortaleza rondam a area. Vitória e Paraná quase na C. Assim como o Náutico.

São disputas de alta competitividade, pesados investimentos e planejamento profissional, da montagem do elenco à recuperação de atletas em tempo hábil. O que exige que o olhar científico se iguale à gestão e à paixão clubistica.

Tradicionais campeões de público, estatisticamente entre as maiores médias do país, não importa qual seja a o torneio em disputa, os rivais prometem lotar os futuros 53 mil lugares do Mangueirão, que passará por reformas.

Antes as torcidas precisarão estar vacinadas, assim que o Governo Federal tenha uma atitude ante a pandemia.

Porque com os pulmões oxiigenados para gritar por seus times, as torcidas de Remo e Paysandu sempre estarão.

*Antonio Carlos Salles é torcedor do Paysandu. Mas sempre coloca o futebol paraense em primeiro lugar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/