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Blog do Juca Kfouri

Irresistível, o Santos está em sua quinta final continental!

Juca Kfouri

13/01/2021 21h09

Com mais 19 segundos de diferença quase o Santos repete com o Boca o que fizera com o Grêmio, porque, com meio minuto de jogo, Marinho atingiu a trave xeneize.

Pitoca pegou o rebote, mas chutou por cima.

O Santos corria atrás da bola como se fosse um prato de comida, segundo ensinou Neném Prancha, o lendário técnico de futebol das praias cariocas.

Corria tanto, pressionava tanto nos minutos iniciais que até preocupava pelo desgaste.

Aos 15 minutos, GOOOL!!!

De virada, Pituca, pegou o rebote de uma bola que bateu no braço da zaga, e abriu o marcador.

Não fizesse o gol, e não fosse contra o Boca, e certamente o VAR assinalaria o pênalti. Não precisou. É assim que se faz.

Os portenhos estavam absolutamente perdidos na Vila Belmiro, como se tivessem vindo a pé de Buenos Aires.

Time matreiro, parecia batido, mas sempre preocupa, até por precisar só de empate com gol para ir ao Maracanã.

Aos poucos o Boca foi se achando e começou a ameaçar a meta santista, sem levar grande perigo, mas tensionando o clássico sul-americano.

Claro, fácil não seria e o Boca terminou o primeiro tempo melhor em campo do que tinha iniciado.

Mesmo assim, defesa mesmo quem fez foi Andrada, em míssil de Marinho no finzinho dos 45'.

Os argentinos voltaram com duas trocas para o segundo tempo em busca do gol salvador. O lateral Buffarini e o atacante Capaldo em campo.

O Santos tinha 45 minutos para buscar sua quinta final de Libertadores e o inédito, para clubes brasileiros, tetracampeonato continental.

E logo no 3º minuto, Soteldo, que fazia uma partidaça, atrás e na frente, enfiou um canudo entre a trave e o goleiro para ampliar: 2 a 0!

Pintava até uma goleada!

E não é que aos 50', Marinho foi à linha de fundo e deu para Lucas Braga fazer 3 a 0?!

A vitória que a arbitragem roubou do Santos na Bombonera acontecia em dose tripla na Vila Belmiro.

Santos e Palmeiras farão a terceira decisão brasileira na Libertadores, a quarta entre apenas times de um mesmo país.

Cuca, campeão com o Galo, a um jogo de repetir a façanha. E se era o Galo doido em 2013, é Santos são em 2020.

Fabra agrediu Marinho, pisou-lhe na barriga e foi expulso, aos 56'.

Apenas aos 58', João Paulo teve de fazer ótima defesa e a zaga praiana evitou por duas vezes o arremate final nos rebotes.

O veterano Ábila estava em campo, assim como o menino Sandry, no lugar do amarelado Pituca, e Jobson no de Soteldo, para não levar cartão amarelo e ficar fora da finalíssima.

Era deixar o tempo passar, não entrar em provocações e sair ileso de uma noite gloriosa.

No sexto Santos x Boca pela Libertadores, o Peixe ganhava pela terceira vez, com um empate, o injusto do jogo de ida.

Clubes argentinos já ganharam a taça 25 vezes e os brasileiros passarão a ter 20 títulos.

Não poderia faltar uma imagem dramática, do sangue na cabeça de Verissimo, ainda no primeiro tempo.

Aos 71', outra vez João Paulo apareceu muito bem para evitar que o Boca diminuísse, minutos depois de Marinho ter chutado o 4 a 0 rente à trave.

Madson, Jean Mota e Balieiro entraram e saíram Jonatan, Lucas Braga e Alison.

Felizmente, a cafajestagem de Fabra foi lance isolado e o Boca seguiu tentando jogar futebol.

Andrada tirou de Kaio Jorge o 4 a 0, em grande defesa, nos acréscimos, exagerados, de seis minutos em jogo liquidado.

Ironias do destino: em vez de mais um Boca x River, teremos um Palmeiras x Santos, o grande clássico do futebol paulista nos anos 1950/60.

Que delícia!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/