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Blog do Juca Kfouri

Empate entre Grêmio e Galo tem ares de despedida do título

Juca Kfouri

20/01/2021 21h10

Respeito é bom e o Grêmio gosta.

Respeito é bom e o Galo também gosta.

Só que quando o respeito é demasiado o jogo fica chato e quem vê não gosta.

Foi exatamente assim até os 15 minutos do jogo entre Grêmio e Galo, em Porto Alegre. Os dois se respeitaram demais e estava monótono.

Aí, o Galo teve a chance de abrir o placar e o Grêmio respondeu imediatamente.

Melhor, o time mineiro punha à prova a defesa gaúcha, variando os lados do campo para incomodá-la.

Até que Keno arrancou, resistiu aos puxões que recebeu na camisa, entregou para Vargas na entrada da área e o chileno deu de calcanhar para Arana, numa jogada espetacular, a cara de Sampaoli.

Seria um golaço de futebol coletivo.

Mas Arana foi atropelado por Thaciano na área.

Hyoran bateu o pênalti para fazer 1 a 0, aos 29 minutos.

E assim ficou até o fim do primeiro tempo, quando o Galo, para o segundo, teve de trocar Réver, indisposto, por Gabriel.

Quando a etapa final chegou aos dez minutos uma coisa estava muito clara: o clássico não entregava o que prometeu.

Para o alvinegro que seguia melhor, porém, estava de ótimo tamanho.

Já para o tricolor significava a valsa de despedida do Covidão-20.

Restavam a decisão da Copa do Brasil, sabe-se lá quando, e o Gre-Nal do próximo domingo, só para estragar a vida do rival.

Pinares no lugar de Thaciano e Maicon no de Lucas Silva, aos 13', foram as providências de Renato Portaluppi.

Franco no lugar de Savarino, aos 20', foi como Jorge Sampaoli respondeu para não perder o meio de campo.

Vargas chutava de fora da área e Vanderlei defendia dentro dela.

Alviverdes, rubro-negros, colorados e tricolores torciam por um empate, mas o Grêmio nem ameaçava satisfazê-los.

Na verdade, o Galo sempre esteve mais perto do segundo gol.

Aos 28', Alisson saiu e Ferreira entrou. Pepê também foi embora e Luis Fernando chegou.

Dylan no lugar de Hyoran e Sasha no de Vargas, em seguida, foi o que o Galo fez. Tirante Vargas, só nomes pra lá de esquisitos, uai!

Tivesse um cone no lugar do goleiro Éverson e daria no mesmo.

Daí entrou Everton no lugar de Victor Ferraz, aos 35'.

E na primeira vez em que tocou na bola, Everton, também no primeiro chute ao gol do Grêmio no segundo final, em bola reboteada, empatou o jogo, placar ruim para os dois, aos 39'.

Brilhava a estrela de Portaluppi e Sampaoli trocou Keno por Marrony.

Aos 48', em arremate de Ferreirinha, Éverson fez sua primeira defesa.

Mas o Grêmio parecia aqueles times de basquete que deixam para resolver tudo no último quarto. E esteve perto de vencer. Só que empatou, e pela 15ª vez, um estupor, em 30 jogos.

Ficou a ligeira sensação de que os dois se despediam do título e amargarão mais um ano de fila.

Só a sensação, porque o Covidão-20 está tão maluco que prognósticos viraram fanfarronices.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/