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Blog do Juca Kfouri

Em cismar sozinho à noite

Juca Kfouri

30/01/2021 00h00

POR LUIZ GUILHERME PIVA

Se o Palmeiras sair campeão da decisão contra o Santos, será o segundo técnico português a ganhar o torneio em dois anos seguidos. Com isso, poderemos, daqui por diante – ao menos aqui no Brasil –, renomear a taça como "Colonizadores".

Mas não do mesmo modo como ocorreu em 2018, quando Boca Juniors e River Plate jogaram a decisão em Madrid – ou seja, no modelo puro de Colônia exportadora e sem governo local.

Trata-se de coisa muito maior. É a oportunidade de instituirmos o Reino Unido de Portugal, Brasil e América. Mas desta vez com um Rei brasileiro – Pelé, é claro.

Mas, dirão, o Pelé é do Santos!

Não, eu respondo.

Pelé é do país todo, é de todos os brasileiros. Devia mesmo ser-lhe atribuído oficialmente o título de "Craque Nacional do Brasil", para fazer uma analogia com o Sabiá, que, por decreto federal, em reconhecimento ao seu canto inigualável, é a "Ave Nacional do Brasil".

Vou mais longe.

Confirmando-se a vitória do time verde na decisão, sugiro também adotar a palmeira como "Árvore Nacional do Brasil" e inseri-la no Brasão Nacional no lugar do Cruzeiro do Sul – que, afinal de contas, está na Segunda Divisão.

Ela não só cresce em todo o território brasileiro como foi trazida e plantada pelo Rei D. João VI, na época do antigo Vice-Reinado. Daí o nome "Palmeira-real" ou "Palmeira-imperial".

Nada mais adequado, portanto, do que ela ser replantada pelo Rei Pelé como emblema do novo Reino Unido.

Cuja bandeira, aliás, trará escrito o seguinte dístico:

"Minha terra tem Palmeiras

Onde canta o Sabiá."

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O Santos, claro, nem cogita que nada disso possa ocorrer.

E, a julgar pelo seu retrospecto no torneio, do qual é tricampeão, tem, digamos, uma espécie de "favoritismo histórico". Além de – caramba! – contar justamente com a torcida do Pelé.

Mas os santistas sabem.

Num momento como esse, sempre aparece um espírito de porco.

Luiz Guilherme Piva publicou "Eram todos camisa dez" e "A vida pela bola" – ambos pela Editora Iluminuras

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/