Topo

Blog do Juca Kfouri

Os pingos nos is do “Ibirapuera Complex”

Juca Kfouri

04/12/2020 13h45

São dois Is em Ibirapuera, o nome do parque e do conjunto esportivo numa das áreas mais valorizadas em São Paulo.

Tão valorizada que o governo estadual paulista e a prefeitura paulistana deixaram sucatear para vender a preço de banana e prometer maravilhas à população, embora o resultado final seja sempre benéfico aos compradores e aos fundos de campanhas eleitorais.

O nome Ibirapuera significa "árvore apodrecida" em tupi-guarani e a região ficava em uma área que era um grande lamaçal.

A concessão pretendida pelo governador João Agripino Doria, o Joãozinho 9 do massacre de Paraisópolis, que fez um ano sem solução, retorna ao lamaçal para entregar o histórico complexo esportivo como se fosse galho podre.

Mas o apodrecimento está a 8 quilômetros do parque, no Morumbi, mais exatamente no Palácio dos Bandeirantes, ao lado de Paraisópolis.

Depois de aparelhar o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) ao excluir representantes das universidades, e povoá-lo com apaniguados, BolsoDoria golpeia a comunidade esportiva e planeja destruir mais um cartão postal da Pauliceia.

Sem pudor, como fez no Pacaembu, "terras alagadas", em tupi-guarani, ao se eleger alcaide e abandonar a prefeitura ao próprio azar, pisoteia a memória da cidade para erguer mais um shopping center, outro hotel, e excluir os cidadãos dos espaços, poucos, que sempre pertenceram à população.

Joãozinho 9 é capaz de tudo para tentar ganhar eleições, até segurar as medidas de endurecimento no combate à pandemia para ajudar seus correligionários, em vergonhoso estelionato eleitoral, como o cometido ao prometer cumprir o mandato como prefeito.

Agora distribui vídeos anunciando a excelência do que chama de "Ibirapuera Complex", porque, com complexo de vira-latas, quer trocar o tupi-guarani pelo vocabulário de Miami.

O próximo objetivo está escancarado: o Palácio do Planalto, e chegar lá custa caro.

Se conseguir, e o eleitorado brasileiro não haverá de cometer nova barbaridade como em 2018, os objetivos serão ainda mais perversos: completar o desserviço na Amazônia, no Pantanal, quem sabe se para gigantescos projetos imobiliários, enormes resorts, áreas livres para exploração mineral, agropecuária, madeireiras etc.

Destruir é a palavra de ordem da maioria dos que se elegeram dois anos atrás.

Está mais do que na hora de reagir, impedir o avanço do retrocesso e virar o jogo em 2022.

Pior que a covid-19 é a pandemia de desatinos que assola o país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/