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Blog do Juca Kfouri

Tite fala muito e a Seleção joga pouco

Juca Kfouri

13/11/2020 23h31

Juro que se fosse jogador de Seleção Brasileira e o técnico ficasse na beira do gramado, gritando orientações a cada passe, pediria para sair.

Ora, Tite, tenha santa paciência!

Que coisa mais chata.

Se é irritante na transmissão pela TV, imagine dentro de campo.

Parece óbvio que o excesso de ordens acaba por inibir a criatividade, a iniciativa dos jogadores.

Tite não precisa mostrar serviço dessa maneira, como se aproveitasse a falta de torcida para se mostrar participativo.

O resultado foi um primeiro tempo horroroso e com gol incrivelmente perdido por Richarlison.

Contra a previsível retranca da Venezuela ninguém tratava de partir para cima dos adversários.

Aliás, ninguém, não. Soteldo quando pôde, fez.

Sim, Neymar faz falta. Muita.

Everton Cebolinha estava no banco e o jogo tinha a cara dele.

No que deu?

Deu no 0 a 0, com dois gols brasileiros anulados, o primeiro por impedimento, desses que só o VAR vê, e olhe lá, e o segundo por falta de Richarlison.

No intervalo sim, era hora de Tite falar. E mudar, e mexer. Porque o time dele ficou 3/4 do tempo com a bola e pouco fez de útil.

E Tite mexeu. Tirou Douglas Luiz que não acertou um passe, mas pôs Lucas Paquetá. Mais do mesmo.

Em vez de passes sem objetividade, chuveirinhos na área.

Num desses o VAR interveio ao procurar pelo em ovo porque a ferramenta neste lado do mundo é um descalabro.

A sorte da Seleção era a ausência de torcida no Morumbi. Caso houvesse, a vaia seria ensurdecedora.

A Venezuela perdeu, fora, da Colômbia por 3 a 0, e do Paraguai, em casa, por 1 a 0. O Uruguai fez hoje 3 a 0 na Colômbia, na Colômbia, com o perdão da repetição.

Na seleção vinho tinto o corintiano Otero entrou no lugar do santista Soteldo e logo viu, aos 21 minutos, Everton Ribeiro cruzar e o desvio errado da zaga cair nos pés de Roberto Firmino para fazer 1 a 0.

Na seleção canarinha, Pedro e Cebolinha substituíram Richarlison e Gabriel Jesus.

Savarino, do Galo, no jogo, aos 33'. Aliás, não dá para entender por que não é titular.

No fim, a Venezuela, 0%, até deu um calorzinho.

A Seleção é a única 100% nas Eliminatórias. Mas o futebol, ó, é desse tamaninho.

Notas

A defesa brasileira toda teve pouco trabalho e fica com 6.

O meio campo não criou nada e fica com 5, exceção feita a Everton Ribeiro, não só pelo cruzamento que redundou no gol, com 6,5.

O ataque (que ataque?) fica com 4, com exceção de Firmino, pelo gol, que leva 5.

E Tite, por falta de modos, e pela demora em botar Pedro e Cebolinha, também leva 4.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/