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Blog do Juca Kfouri

Empates que valem como vitórias

Juca Kfouri

23/11/2020 15h29

Há empates que valem como vitórias e não são apenas aqueles que valem títulos ou classificações.

Neste Covidão-20 já tivemos pelo menos dois.

O primeiro quando a garotada do Flamengo, infectado pela pandemia, enfrentou o Palmeiras na casa verde e saiu de lá com inesquecível 1 a 1.

O segundo aconteceu ontem em Itaquera quando o Corinthians, com nove jogadores, suportou o assédio do Grêmio completo e ainda por pouco não ganhou por 1 a 0.

O que aconteceu ontem lembrou um Majestoso de 1962. E que terminou em vitória mesmo.

O São Paulo fez 2 a 0 no Pacaembu, dois gols de Benê, o atacante corintiano Silva, o Batuta, foi expulso e Manuelzinho se machucou, sem poder ser substituído, tudo no primeiro tempo.

O São Paulo tinha em sua defesa além do goleiro Poy, os zagueiros De Sordi e Bellini, ambos campeões mundiais em 1958 pela Seleção.

Assim mesmo, com nove jogadores, o Corinthians diminuiu com Lima, ainda na primeira etapa.

Rafael empatou de pênalti no começo do segundo tempo e Nei, o pai de Dinei, e era visto como um novo Pelé, fez o 3 a 2.

Folha de S.Paulo de 3 de dezembro de 1962

A Fiel invadiu o vestiário do Pacaembu para comemorar como se fosse um título.

E o lateral-direito tricolor De Sordi cunhou a frase: "Eram nove, mas pareciam 15 leões feridos".

Pelo menos era assim que a memória registrou nas páginas do jornal "A Gazeta Esportiva", como manchete.

Mas não foi assim que a "Folha de S.Paulo" registrou, como se vê.

Ou De Sordi referiu-se ora a leões feridos, ora a demônios para os repórteres?

Na importa. Importa que se houvesse torcida ontem em Itaquera os jogadores corintianos seriam ovacionados.

Fagner, principalmente, não só porque pôs Pepê no bolso, como porque deu um trabalhão para a defesa gaúcha e só não deu a vitória ao Alvinegro porque Vanderlei fez das maiores defesas deste campeonato.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/