Parreira e Felipão
Por ROBERTO VIEIRA
1999.
O Fluminense na série C do Brasileirão.
Parece fácil, Horta?
Mas não é.
É por demais incompreensível.
O Serra liderou o grupo D na primeira fase.
O Fluminense chegou em segundo com três derrotas.
Fluminense que trazia na beira do campo sua história.
E Carlos Alberto Parreira.
Um campeão do mundo apaixonado pelo tricolor.
Como se Schoen treinasse o Hertha Berlin de joelhos.
Como se Ramsey abraçasse o Ipswich na pior.
Com a diferença que o Fluminense é muito maior que qualquer clube inglês ou alemão.
Após Motos e Americanos.
O Fluminense foi campeão brasileiro da Série C.
Diogo; Flávio, Antônio Lopes, Émerson e Paulo César; Marcão, Válber, Marco Brito (Jorge Luís) e Yan (Roberto Brum); Magno Alves (Róbson) e Roger Flores era o time no último jogo.
O exemplo de amor de Parreira transcendendo o monetário da bola.
Vinte e um anos depois.
A imagem de Felipão e seus cabelos brancos domina o Cruzeiro.
Cruzeiro sem Horta e sem Horto.
Cruzeiro que mora dentro do coração da cidade.
Cruzeiro combatido e vencido em suas entranhas.
A história nos alucina pois se repete também na dignidade, estranha.
Impossível não se emocionar.
Impossível não lembrar.
Felipão vai subir o Cruzeiro?
Talvez sim talvez não.
Tanto faz.
Divisões são invenções humanas, ilusões.
Na paixão todo mundo é igual.
Porque só a paixão explica Parreira e Felipão.

Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/