Topo

Blog do Juca Kfouri

Galo chuta muito, chuta mal e cai

Juca Kfouri

24/10/2020 22h54

Pense num massacre.

Pois pensou no primeiro tempo de Galo x Sport.

Pense num mistério.

Pois também pensou no mesmo jogo.

E por que mistério?

Porque o primeiro tempo acabou 0 a 0.

Keno na rede. A bola, não…

Era tão esquisito que se continuasse daquele jeito era bem capaz da vitória sorrir ao time pernambucano.

O que poria em risco a vida de Jorge Sampaoli,

Porque entre azares, falta de pontaria, de frieza e o diabo a quatro, o empate no Mineirão equivalia ao desastre de 12 finalizações contra nenhuma e pobre 0 a 0.

Aos 13 minutos do segundo tempo, depois de dois milagres do goleiro Luan Poli e uma cabeçada no travessão, Lédio Carmona informou com a elegância que o caracteriza: "18 finalizações a zero".

Aos 20', Marrony e o estreante argentino Zaracho nos lugares de Sasha e Alan Franco foi a providência de Sampaoli.

Nas redes sociais havia quem sugerisse que o técnico tirasse o goleiro Éverson e pusesse um atacante.

Thiago Neves fazia figuração no ataque pernambucano e o jogo chegava aos 30 minutos da etapa final.

Quando o Galo chegou ao gol, com Marrony, Natan havia tocado a mão na bola.

Independentemente do placar final, estava clara a falta de finalizadores mais eficazes ao time mineiro.

Sabe aquela sensação de que se o jogo durasse a noite inteira e a madrugada o gol não sairia? Pois é.

Aos 38', enfim, o primeiro chute a gol do Sport, em cobrança de falta. Por cima. 20 a 1.

Éverson seguia sem nenhuma defesa.

Perigo, perigo: com os mesmos 17 jogos de Inter e Flamengo, o Galo ficava a dois pontos de ambos.

E perdia Keno para enfrentar o Palmeiras, com terceiro amarelo…

Aos 43', nova cobrança de falta e novo chute por cima do Sport. Éverson…

Fosse boxe o Galo ganharia por 22 pontos a 2. Mas era futebol e seguia 0 a 0.

Saudades de Reinaldo, de Dario, de Ricardo Oliveira, de Jô, de Ronaldinho Gaúcho.

O fantasma de 50 anos sem título volta a assombrar a Cidade do Galo.

Aos 51', o jogo acabou.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/