O Flamengo e o ciúme de homem
Desenha-se o que estava previsto: na primeira crise, o Flamengo desmorona mesmo com o timaço que tem.
Porque seus cartolas, novamente, são mais do mesmo, arrogantes, despreparados e ambiciosos pelo poder na política do clube.
Em vez de tratar a acachapante goleada como acidente mais comum do que se imagina mesmo para ótimos elencos, o 5 a 0 vira motivo para ajuste de contas internas, entre grupos antropofágicos.
E o presidente rubro-negro, sempre calado quando deveria liderar, aposta na divisão para reinar, tática tão velha como ineficaz.
A hora seria a de reunir o grupo e motivá-lo para reação nesta terça-feira diante do Barcelona, em Guayquil.
Mas não.
O destrambelhado Bap ataca o acuado Marcos Braz, até ontem tido como Midas, o que causa muito ciúme — e como se sabe ciúme de homem é terrível.

O mudo Rodolfo Landim permanece recolhido à sua insignificância.
Era segredo de Polichinelo que só o Flamengo pode derrotar o Flamengo na América do Sul.
Com auxílio da altitude desumana de Quito, e o bom time do Independiente Del Valle, a cartolagem joga para derrubar Everton Ribeiro, Gérson, Gabigol, Bruno Henrique e companhia ilimitada.
Simplesmente não sabem o que fazer até por desconhecer que vira e mexe o Santos do Rei Pelé levava uma goleada e ressurgia no jogo seguinte.
Ou que, pela Libertadores de 1995, o Grêmio enfiou 5 a 0 no Palmeiras em Porto Alegre, levou de volta 5 a1 em São Paulo e acabou campeão continental.
Grandes times sofrem goleadas e, exatamente por serem grandes, às absorvem e fazem delas combustível para reagir.
Pequenos cartolas se devoram na primeira crise.
É o que está acontecendo no Flamengo campeão brasileiro e da Libertadores.
Pedra cantada.
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