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Blog do Juca Kfouri

O Flamengo e o ciúme de homem

Juca Kfouri

19/09/2020 13h26

Desenha-se o que estava previsto: na primeira crise, o Flamengo desmorona mesmo com o timaço que tem.

Porque seus cartolas, novamente, são mais do mesmo, arrogantes, despreparados e ambiciosos pelo poder na política do clube.

Em vez de tratar a acachapante goleada como acidente mais comum do que se imagina mesmo para ótimos elencos, o 5 a 0 vira motivo para ajuste de contas internas, entre grupos antropofágicos.

E o presidente rubro-negro, sempre calado quando deveria liderar, aposta na divisão para reinar, tática tão velha como ineficaz.

A hora seria a de reunir o grupo e motivá-lo para reação nesta terça-feira diante do Barcelona, em Guayquil.

Mas não.

O destrambelhado Bap ataca o acuado Marcos Braz, até ontem tido como Midas, o que causa muito ciúme — e como se sabe ciúme de homem é terrível.

Braz desperta ciúme na Gávea

O mudo Rodolfo Landim permanece recolhido à sua insignificância.

Era segredo de Polichinelo que só o Flamengo pode derrotar o Flamengo na América do Sul.

Com auxílio da altitude desumana de Quito, e o bom time do Independiente Del Valle, a cartolagem joga para derrubar Everton Ribeiro, Gérson, Gabigol, Bruno Henrique e companhia ilimitada.

Simplesmente não sabem o que fazer até por desconhecer que vira e mexe o Santos do Rei Pelé levava uma goleada e ressurgia no jogo seguinte.

Ou que, pela Libertadores de 1995, o Grêmio enfiou 5 a 0 no Palmeiras em Porto Alegre, levou de volta 5 a1 em São Paulo e acabou campeão continental.

Grandes times sofrem goleadas e, exatamente por serem grandes, às absorvem e fazem delas combustível para reagir.

Pequenos cartolas se devoram na primeira crise.

É o que está acontecendo no Flamengo campeão brasileiro e da Libertadores.

Pedra cantada.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/