O Batuta e o Galinho
Por ROBERTO VIEIRA
Era um amistoso caça níqueis.
Estádio Otávio Soares em Ponte Nova.
Dez minutos de jogo.
A bola chegou pra Silva.
Gol.
Vinte e cinco minutos de jogo.
A bola chegou pra Silva.
Gol.
Depois ele saiu para entrar Evaristo.
Depois foi ficando.
Campeão carioca pelo Flamengo.
Campeão carioca pelo Vasco.
Silva, Tim, Andrada e Deus.
Silva que fez gol em português e portunhol.
Um dia, faz muito tempo.
Silva bateu bola com um loirinho magrinho.
Singelo.
Um moleque que quase mandaram embora da Gávea.
A bola gostou.
O tempo parou naquela imagem e alguém fotografou o tempo.
O Batuta e o Galinho.
Ontem, o Batuta disse adeus.
Porque o tempo é inclemente até mesmo com os batutas.
Hoje, resta a foto e a saudade da bola.
Saudade que é a única que ganha do tempo.

Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/