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Blog do Juca Kfouri

Vasco, o clube do povo: uma polêmica com o flamenguismo

Juca Kfouri

21/08/2020 16h44

POR LEANDRO TAVARES FONTES*

Como e quando o Vasco perdeu a marca de "clube mais popular"?

Por quais métodos essa etiqueta foi transferida para o arquirrival?

"O que aconteceu, e continua acontecendo, é que a História do Futebol Brasileiro foi he- gemonizada por uma "narrativa flamenga" — conforme o livro vai comprovar com farta documentação —, que busca narrar as vantagens das quais o adversário se benefi- ciou e beneficia, mesmo quando os fatos de- monstram que não tem vantagem alguma.

Comprovaremos que há uma narrativa que não resolve a equação. A chave para chegar ao resultado da investigação é a imprensa carioca — ou parte hegemônica dela.

No decorrer do livro, vamos provar que o Vasco construiu a sua trajetória naturalmente, baseado em feitos históricos, combinados com grandes resultados esportivos, ao pioneirismo e altivez do seu poderoso quadro social, balizado na igualdade e na democracia.

Já o arquirrival, clube oriundo da elite, a partir da segunda metade dos anos 1930, combinou seu desempenho desportivo com um projeto de marketing, ampla- mente difundido pelos canais hegemônicos da mídia esportiva carioca da época.

Essa orientação, que ganhou força nos anos 1940 e se consolidou nos anos 1950, apresenta um conjunto de elementos e episódios para justificar a propagação mitológica de um "clube-nação", numa época onde a palavra-chave no Brasil era "Estado Nacional". Para isso, foi preciso tirar o smoking do clube da Zona Sul e, em seguida, estrategicamente, vesti-lo com os trajes do povo brasileiro.

Nessa forçada "mudança de vestuário", muitas fábulas e distorções foram produzidas e divulga- das como verdades absolutas, apresentando um clube elitista como se fora popular. Entre a His- tória original e a mitificação de uma História, existe uma enorme diferença. E o Vasco da Gama é o legítimo representante da História original.

Essa constatação não se dá tão somente pela "Resposta Histórica" — um fato histórico inédito no futebol brasileiro e do qual o Vasco muito se orgulha — ou pela liderança numérica de sua tor- cida. Muito mais do que isso, também se deu pela comunhão de fatores que moldaram o Vasco com sua forma autêntica, democrática e de massas.

Vasco: o clube do povo – uma polêmica com o flamenguismo (1923-1958) é um estudo com- parado, com rigoroso critério de pesquisa, que refaz a linha de construção e popularização do Club de Regatas Vasco da Gama, e que tem como ponto simultâneo de debate a trajetória de seu maior rival, no recorte temporal 1923–1958.

O método comparativo é crucial, uma vez que uma das propostas do livro é desmitificar episódios e narrativas que, até então, vêm sendo naturalizadas e reproduzidas sem crítica. Esse desafio obedece a um objetivo investigativo, anunciado logo nas primeiras linhas da obra, traduzido pelos principais questionamentos:

Tendo como eixo central uma parte da fabulosa história do Club de Regatas Vasco da Gama, bus- camos apresentar ao leitor uma investigação que remete ao que o sociólogo Herbert de Souza — o Betinho —, afirmou: "Existe uma forma de se fazer História; e outra, de se contar a História".

Da intuição à conclusão, a frase de Betinho ajuda a sintetizar o objetivo deste livro: o de promover um ajuste de contas com a narrativa hegemônica do futebol brasileiro".

SOBRE O AUTOR

*Leandro Tavares Fontes é vascaíno, natural do Rio de Janeiro, professor de Geografia e pesquisa- dor do futebol carioca. É sócio proprietário do Club de Regatas Vasco da Gama e torcedor de arquiban- cada, desde 1993. Sua primeira pesquisa foi A evo- lução espacial do Club de Regatas Vasco da Gama no Rio de Janeiro: da identidade luso-brasileira ao bairro (2015), ponto de partida para a idealização deste seu livro de estreia: Vasco: o clube do povo – uma polêmica com o flamenguismo (1923-1958).

Preço: R$ 65 (mais frete)

Contatos com o Autor

Leandro Fontes

(21) 996-319-421 vascoclubedopovo@gmail.com

Contatos com o Editor
Cesar Oliveira
(21) 988-592-908 livrosdefutebol@gmail.com

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/