Rei Neymar
POR FABRICIO CARPINEJAR
O invejoso vai apontar os três lances perdidos de Neymar na vitória de Paris Saint-Germain de virada contra o Atalanta, que garantiu a passagem do time francês para a semifinal da Liga dos Campeões.

Mas olho gordo não enxerga nada.
Neymar foi um titã. Carregou a equipe nas costas. Não desistiu até o último minuto. Buscou o jogo, o resultado, a responsabilidade para si.
Driblou com uma facilidade inverossímil entre quatro defensores, recebeu saraivadas de faltas e não pipocou, sorteou passes de efeito, movimentou-se verticalmente, fazendo assombro, janelando, humilhando com lançamentos onde a bola não julgava ser possível nascer, começou as jogadas dos dois gols, foi garçom letal de Marquinhos e para assistência de Mbappé.
É como se pudéssemos testemunhar um Garrincha em alta velocidade. Ele não para, não faz mímica, não finta na imobilidade de toureiro de Mané, parte em disparada ziguezagueando, como um touro ferido. Parece que não vai conseguir, que perderá o domínio, o equilíbrio, que tombará na centopeia de pernas em sua frente e abre espaço por dentro, divinamente.
Garrincha é cinema mudo, Neymar é tevê em alta definição.
Seu desembaraço lembrou também Ronaldinho Gaúcho no auge, quando era jovem, tirando proveito da linha lateral para invadir pelo meio.
Pena que não haverá eleição de melhor do mundo neste ano devido à pandemia. Porque seria Neymar. Era para ser Neymar. O menino está em casa – o adulto desencantou em campo. Até Messi concordaria.
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