O socialismo matou o artilheiro
Por ROBERTO VIEIRA
O gol não morreu no futebol brasileiro. Quem morreu foi o goleador que era o mocinho do futebol.
E mataram transformando o mocinho em vilão. O velho artilheiro era um aristocrata trotskista, híbrido do nefasto tempo antigo. Um fominha.
Atualmente, temos Diego Souza com seis gols no Gaúcho, o mesmo número que Rubens no Mineiro. Ytalo marcou sete no Paulista. Gabigol anotou oito no Carioca, o mesmo número de Marcelo Nicácio no Baiano.
Claro que temos menos jogos, seria impossível os quarenta de Zico ou Dadá no anos 70, mas a ausência do goleador não é aleatória.
Era preciso matar o herói no futebol brasileiro. O sujeito que enfrentava botinas e pontapés para salvar sua equipe. Então, os intelectuais da bola fabricaram técnicos e goleiros, dirigentes e zagueiros, laterais e volantes, todos com o mesmo cartaz do mocinho.
Era chegada a vez da coletivização do futebol. Quem dá a assistência virou astro pop. O coletivo matou o indivíduo que balançava as redes.
A história do futebol precisou ser reescrita sem as tintas do indivíduo.
O artilheiro deixou de ser determinante para ser apenas relevante. Não existe mais espaço na análise do indivíduo com autonomia absoluta diante do time.
Pelé marcou mil gols porque jogava no Santos. Pelé era simplesmente a resultante de Dorval, Mengalvio, Coutinho e Pepe. Ou de Garrincha e Didi na seleção.
Muito mais importante no futebol é o camarada da assistência. Muito mais importante que o camarada é o Partido… digo, time.
E que não volte o Quarentinha, o Dida ou Toninho Guerreiro. Todos individualistas jogadores à serviço do capitalismo burguês.
O socialismo moreno matou o artilheiro.
Chega de dez jogando pra um ganhar manchete.
Pernas de pau do mundo, uni-vos, nada tens a perder senão o gol…
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