O Dérbi e a indigência do futebol no Brasil
Sim, é preciso dar o justo desconto dos quatro meses de paralisação.
Se depois das férias regulamentares é preciso um período de pré-temporada para os times engrenarem, 120 dias exigem mais.
Além do fato esquisito e desmotivante de jogar sem torcida.
É preciso ter paciência e compreensão porque, na verdade, Corinthians e Palmeiras fizeram apenas o quinto jogo pós-paralisação, quase nada.

Daí, no entanto, fazerem um Dérbi com apenas quatro chutes a gol, três do Corinthians, no primeiro tempo, e um, em bola parada, do Palmeiras, no segundo, vai enorme distância.
Futebol de chutões, ligações diretas, chuveirinhos na área para consagrar zagueiros, apenas uma defesa importante, a de Weverton em arremate de Mateus Vital, não há o que justifique.
Durante 100 minutos de partida (?) não houve uma única tentativa de jogada individual, ninguém com coragem de partir para cima do marcador, dar um drible, exceção feita ao menino lateral Carlos Augusto, pelo lado esquerdo do ataque alvinegro.

Uma pobreza franciscana.
Tiago Nunes adaptou-se ao estilo de Fábio Carille e Vanderlei Luxemburgo abdicou de qualquer ideia de jogo ofensivo, com medo de perder, sem vontade de vencer.
O 0 a 0 de Itaquera corre sério risco de se repetir na Água Branca e levar a decisão do Paulistinha à marca do pênalti.
Estará de acordo com o nível do campeonato.
E em São Paulo, no estado mais rico do país, no torneio estadual mais disputado do Brasil.
Que desce a ladeira, futebol de segunda, de terceira, exceção feita ao Flamengo.

Quem te viu, quem te vê.
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