Topo

Blog do Juca Kfouri

Mais um tento

Juca Kfouri

07/08/2020 14h40

POR LUIZ GUILHERME PIVA

Hoje Caetano Veloso completa 78 anos.

Conheço poucas relações diretas dele com o futebol.

Uma, na Copa de 1986, quando Josimar, que fora convocado em cima da hora para ser reserva e acabou jogando por causa da contusão do titular, surpreendeu a todos marcando um golaço contra a Irlanda. Na noite após o jogo, Caetano mencionou o fato no meio de seu show e homenageou o jogador cantando "Gente Humilde" (de Garoto, Vinícius de Moraes e Chico Buarque). 

Deu sorte: Josimar fez outro golaço no jogo seguinte, contra a Polônia.

Há também uma gravação em que ele e Gilberto Gil cantam o Hino do Bahia (composto por Adroaldo Ribeiro Costa) num show em 1969, chamado "Barra 69", no Teatro Castro Alves, em Salvador.

Os dois, juntamente com Maria Bethânia e Gal Costa, regravaram o hino num disco no final de 2001.

O Bahia é uma constante nas suas poucas referências ao futebol. Quando do título brasileiro conquistado pelo tricolor em 1988, Caetano mencionou, na letra de "Reconvexo", "a elegância sutil de Bobô", o craque daquele time. E cantou, em "Tradição", em 1993, de novo com Gil – que é o autor da canção –, o goleiro Lessa ("Um goleiro, uma garantia"), que fez história no Bahia entre 1947 e 1955.

Recentemente, em 2017, foi entrevistado junto com o filho Tom pelo ex-jogador Juan Pablo Sorín e chegou a bater bola com os dois na sala de casa – verdade que sem muito jeito para a coisa.

Enfim, futebol não parece ser seu forte.

Azar do futebol.

De Caetano pode-se dizer não menos do que ele mesmo disse na canção "O Homem Velho", de 1984:

"Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval
espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal.
Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual:
já tem coragem de saber que é imortal."

Por isso, por ser imortal, é que comemoraremos, todos os anos, como no belo hino do Bahia:

"Mais um, mais um, Caetano!"

___________________________________

Luiz Guilherme Piva publicou "Eram todos camisa dez" e "A vida pela bola" – ambos pela Editora Iluminuras

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/