A senzala dos imigrantes
Por ROBERTO VIEIRA
Dois clássicos.
1900 de Bertolucci e Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire. Ambos revelando a servidão de italianos e negros.
Italianos que eram trancafiados por seus patrões até o final do século XX. Negros trancafiados por seus donos até o final do século XX.
Ontem, um Benedetti falou o que não devia na vitória da Ponte Preta. Misturou futebol com senzala.
Mas logo um Benedetti!
O sobrenome Benedetti é antigo e tem conexão na origem com São Benedito. Vem de 'abençoado'. Benedetti, Benito. Um perigo, pois outro Benito já causou confusão demais na Itália.
Pois bem.
Os bravos migrantes italianos vieram ao Novo Mundo por um motivo que não era turismo. Os italianos vieram ao Brasil fugindo da servidão, sendo xingados de carcamanos.
Italianos, alemães, portugueses, espanhóis vieram ocupar o lugar dos escravos. Estes imigrantes sofreram muito. Sua história é bela e, sendo tão bela, não merecia ser jogada na lata de lixo da história num jogo de futebol.
Racismo não combina com filhos de imigrantes. Bertolucci já explicou isso no cinema. Se alguém esqueceu ou preferiu esquecer por se achar oriundo de uma raça superior, basta assistir ao filme.
Vale à pena… capisce? Ainda não?
Então saiba que São Benedito, nascido na Sicília era filho de uma família de escravos.
São Benedito era negro.
São Benedito, o amigo de São Francisco.
Benedito e Benedettis, negros e italianos são todos iguais.
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Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/