Campanha para mudar a camisa da Seleção
POR JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO*
"Diante do que temos visto de 2016 para cá e da apropriação que um grupo, parte do qual armado e com práticas truculentas, fez das cores do Brasil, o verde e amarelo, é essas cores, no momento, não nos representam.
Não representam boa parte da sociedade brasileira, aquela que ainda acredita num país melhor, democrático, humano e que trabalhe a questão da inclusão social.
O verde e amarelo e a camisa da CBF, a entidade que se apoderou da Seleção Brasileira de futebol, um patrimônio que deveria ser público mas é tratado como privado, são usadas em manifestações de ódio e contra a democracia.
Viraram, lamentavelmente, as cores da morte. Do genocídio.
Porque o que estamos vendo, a meu ver, é um genocídio: sanitário e econômico.
A camisa canarinho passou a ser usada depois da Copa de 1950, quando a branca, com gola azul, foi abandonada porque daria azar, já que perdemos a final no Maracanã para os uruguaios, deixando traumatizada a nação.
Mas traumatizados mesmo estamos agora com a agressividade de quem se veste de verde e amarelo, ataca enfermeiros e profissionais de saúde, agride jornalistas, tenta derrubar instituições e a democracia.
Converso com muita gente fora do país e o Brasil virou motivo de piada e ojeriza.
O verde e amarelo começam a lembrar símbolos do que de pior vimos na humanidade nos anos 30. Na Alemanha. Não podemos aceitar.
Que a Seleção adote um outro uniforme e uma nova camisa quando a bola voltar a rolar.
E o Brasil de branco, o branco da paz, e com gola azul. Como em 1950. E sem o atual governo que deveria renunciar.
Porque está acabando com o que resta do país e nos tornando párias mundiais. Mortes, mortes e mais mortes. E daí? E daí o cacete…"
*João Carlos Assumpção é jornalista e cineasta, e autor de Deuses da Bola: Cem Anos da Seleção Brasileira de Futebol, em parceria com Eugenio Goussinsky
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/