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Blog do Juca Kfouri

As críticas de Caio Ribeiro a Raí têm a ver com a política são-paulina

Juca Kfouri

01/05/2020 20h00

Quem está acostumado a ouvir Caio Ribeiro estranhou o tom de sua crítica a Raí, tão adocicado sempre foi o comentarista na TV.

Não estranharia se soubesse que o pai dele, Dorival Decoussau, é conselheiro do São Paulo, do grupo de Carlos Miguel Aidar, hoje chamado de Centrão na vida do Morumbi e aceito orgulhosamente por seus membros.

E que em fevereiro passado esteve junto a outros oposicionistas em reunião com o presidente Leco para tentar a demissão de Raí, de resto um direito.

O que não está direito é Ribeiro misturar as coisas e não ser transparente.

Como nada direito é o passado do médico e empresário Dorival Decoussau.

Em 28 de janeiro de 1985, aos 37 anos, Decoussau foi preso pela Polícia Federal, em flagrante, quando ocupava o cargo de Superintendente do Hospital Matarazzo, por fraudar guias de internação do INAMPS (hoje INSS), ocasionando prejuízo de CR$ 100 milhões mensais aos cofres públicos.

Decoussau permaneceu preso até o dia 12 de abril de 1985.

Depois, foi incurso nos artigos 155 e 171 do Código Penal, (crimes de estelionato contra a Previdência Social e formação de quadrilha).

Decoussau foi então condenado, em sentença definitiva, a 4 anos e 2 meses de reclusão, em regime semi-aberto, com posterior passagem para o regime aberto.

A recente dívida de cerca de R$ 350 mil que Ribeiro teve de arcar por ser avalista do pai, e que levou à penhora de 10% de seu salário é, portanto, café pequeno diante da vida pregressa de Decoussau.

Filhos não têm culpa do que fazem ou pensam seus pais.

Como não devem esconder do público o que os move.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/