O mesmo drible de Romário
Por ROBERTO VIEIRA
42 minutos do segundo tempo.
Defensores del Chaco em pedras.
Banco brasileiro apedrejado.
1985.
Não lembra.
Mas foi igual.
Romário é lançado contra o arqueiro.
Finge que vai pra esquerda.
Sai moleque pela direita.
Inalcançável.
O goleiro se estica.
Tenta um murro como Foreman diante d'Ali.
Cai.
Romário toca para as redes.
E ri.
Ri enquanto o técnico Jair Pereira briga.
Briga contra 45 mil guaranis.
O Brasil é bicampeão sulamericano juvenil.
Romário repetiria a finta no Maracanã.
Anos depois contra o Uruguai.
Convocado pra salvar Parreira.
Parreira em tempos de Pereira.
Quer outras coincidências?
Romário quase não foi no sulamericano.
O técnico havia deixado de molho o gênio.
Romário namorava demais.
Romário foi. Noviço.
Foi artilheiro do certame com… 5 gols.
Mesmos 5 de 94.
Romário que era considerado… ponta direita.
Conclusão?
O óbvio exige muito esforço.
Fácil mesmo é desacreditar da razão.
Mesmo que na hora H quem nos salve seja o ululante.
Porque só o gênio faz do drible mais comum.
O gol mais extraordinário.
Já dizia Fleming.
O cientista.
Que também curtia o 007 do outro Fleming.
Em tempo.
Fleming havia dois.
Romário só houve um…
PS: Quando Romário arrancou no Maracanã, apenas Taffarel sabia do drible fatal. Ele também estava lá atrás, levando pedras no Paraguai.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/