Março acaba mal
O dia 30 de março não terminou bem para o país.
O ministério da Defesa publicou nota em que diz ter sido o golpe de 64 "um marco para a democracia".
Que marco, se os brasileiros só voltaram a votar para presidente 25 anos depois, em 1989?!
Soube-se, também, que a ala militar do governo, que é quase o governo inteiro, está de acordo em tornar mais branda a quarentena, ideia apoiada por veículos da imprensa chapa-branca.
Aqui, uma proposta: que todos os jornalistas a favor do abrandamento, saiam de suas casas e voltem às redações.
Porque estão parecendo aqueles treinadores de futebol que quando assumem o papel de comentaristas criticam o futebol retrancado, mas que, quando voltam a dirigir um time jogam só na defesa.
Não custa lembrar que 56 anos atrás, completados nesta terça-feira, a democracia brasileira foi golpeada em nome de evitar o comunismo e a corrupção.
Prometia-se que a eleição presidencial prevista para 1965 seria realizada. Não foi.
Embora o grande favorito fosse Juscelino Kubitscheck, que de comunista não tinha nada e morreu cassado pelos golpistas.
O outro candidato com chances era Carlos Lacerda, de direita, que também morreu cassado.
E a corrupção correu solta protegida pela censura à imprensa.
Foram 434 mortos e desaparecidos entre os que lutaram contra a ditadura, além de milhares torturados nos porões da dita cuja.
O Capitão Corona aposta no quanto pior, melhor.
Estimula a revolta de seu gado para criar clima que justifique o injustificável, a intervenção autoritária.
Não há uma liderança do golpe que tenha ficado bem na História.
Que o Brasil tenha juízo e permaneça em casa a menos que os obscurantistas queiram repetir o inconcebível em pleno século 21.
Porque, nesse caso, valerá o que diz o Hino da Independência: ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/