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Blog do Juca Kfouri

Cadê o futebol, Verdão? 0 a 0 em Limeira

Juca Kfouri

14/03/2020 18h26

Com menos de 30 segundos em Limeira, Ramires fez falta feia em Tcharlles (que nome!), o assoprador de apito deu a lei da vantagem, a Inter entrou na área, Airton foi derrubado e o assoprador não marcou o pênalti. Ah, o VAR!

Então, mostrou cartão amarelo para Ramires, diante de 14 mil torcedores.

Com menos de dois minutos, Airton pegou Viña e também foi amarelado.

Aos cinco minutos, Felipe Melo soltou o cotovelo em Lucas Braga e o assoprador amarelou, não o zagueiro do Palmeiras, mas ele mesmo.

Era lance não para amarelo, mas para vermelho mesmo!

Irresponsavelmente com público apesar da pandemia, o calor era forte fora do campo, 33º, e mais quente ainda dentro.

Além do coronavírus preocupar, uma lesão grave não poderia ser descartada, tal a virilidade empregada no bom gramado do Limeirão.

Aos 18', Ramires teve a chance do gol, o goleiro Rafael Pin defendeu e, no rebote, momento raro: Willian desperdiçou ao pegar muito embaixo da bola e mandá-la nas alturas.

Em tese, era para estar 1 a 0, se convertesse o pênalti, e com um jogador a mais, se o assoprador não fosse medroso.

Marcos Rocha foi outro advertido com cartão, aos 26'.

Com Dudu pelo meio, o Palmeiras não ganhava um meia e perdia o excelente ala que ele é, na velocidade no um contra um.

E foi ele aberto, indo à linha de fundo, quem deu a bola para Bruno Henrique arrematar, Pin fazer grande defesa e Rony se atrapalhar no rebote, colado à trave.

Para desarrazoada reclamação de Vanderlei Luxemburgo, aos 36', Felipe Melo recebeu o amarelo a que fez jus. "É preconceito", esbravejou o treinador.

Dois minutos depois, ele reclamou de novo, quando Bruno Henrique também foi advertido: "Olhe para o dois lados", protestou o treinador, novamente sem razão, até porque o pênalti e o cartão vermelho não dados favoreceriam o Inter.

Aos 43', a Inter desperdiçou a única chance que criou, bisonhamente, com Murilo Rangel.

Aos 47', quase um golaço: Dudu recebeu na meia lua, com um toque sútil amorteceu a bola e a chutou sem deixar tocar o chão, mas na trave.

Jogo sofrível, para dizer o mínimo.

E arbitragem no nível da FPF sem VAR: péssima!

Se o parâmetro do Palmeiras é o Flamengo, segue muitos patamares abaixo, embora merecesse estar vencendo, mesmo com o pênalti não marcado.

O Palmeiras voltou sem Bruno Henrique e Ramires e com Patrick de Paula e Zé Rafael.

Logo de cara, aberto pela esquerda, em belo chute, Dudu quase fez 1 a 0 e mais uma lambança do assoprador ao não mostrar o segundo cartão amarelo para Airton, que pegou Zé Rafael.

Finalmente, aos 7', Airton chutou a cabeça de Viña e foi expulso.

Onze contra dez, a vida deveria ficar mais fácil para o Palmeiras, embora a vantagem seja um trauma para Luxemburgo desde a eliminação da seleção brasileira, na Olimpíada de 2000, por Camarões, com nove jogadores.

E, cá entre nós, precisar de um jogador a mais para ganhar da Inter não enaltece o caro elenco alviverde.

E o segundo tempo chegava à metade sem gols, embora Pin, com o pé, tenha evitado um de Lucas Lima, logo depois, aos 24'.

Pin, de novo, aos 26', mandou a escanteio tirambaço de Rony.

Sim, o Palmeiras fazia por merecer a vitória, mas, ao mesmo tempo, não merecia, não sei se me faço entender.

Luiz Adriano deu lugar a Lucas Lima, aos 14'.

Aos 30', o assoprador compensou o pênalti não marcado no primeiro tempo, ao não dar outro, claro, desta vez para o Palmeiras, em Rony. Ah, o VAR…

Em seguida, Dudu desperdiçou boa chance.

Os atacantes brasileiros, exceção feita aos do Flamengo, desaprenderam a fazer gols.

Razão pela qual mais um jogo terminou como começou: 0 a 0, não sem antes Lucas Lima também ser amarelado e Marcos Rocha ser expulso.

Decepcionante!

Mesmo que o Santo André perca amanhã para o Mirassol, em Mirassol, seguirá liderando o grupo do Verdão.

E faltarão só duas rodadas.

Quer apostar que Luxemburgo vai falar da arbitragem?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/