Topo

Blog do Juca Kfouri

Assalto e estupor no Morumbi!

Juca Kfouri

03/02/2020 21h59

O Morumbi estava deserto, chovia muito, faltou luz, e o ladrão se aproveitou para roubar o dono da casa.

(Atenção, é tudo sentido figurado, porque tinha gente no estádio, pouca, mas tinha, quando os erros aconteceram até já não chovia mais tanto, a energia foi reestabelecida em 10 segundos e o assoprador errou demais mesmo, certamente sem intenção).

Mas fato é que Pato, que se deu muito bem em seu habitat, no gramado encharcado, fez dois gols legais mal anulados por impedimentos e Vitor Bueno sofreu pênalti não assinalado.

O assoprador errou tanto que dava para jurar que na primeira chance ele compensaria tantos erros ao ser informado no intervalo.

Nada!

Nem bem o segundo tempo começou houve um lance claro de braço na bola da zaga do Novorizontino e mais um pênalti não foi marcado.

Era para estar 3, 4 a 0 para o São Paulo e seguia 0 a 0 já aos 15 minutos do segundo tempo.

Os visitantes com reservas para jogar a Copa do Brasil com os titulares contra o Figueirense, em Novo Horizonte, na quinta-feira.

Mais uma vez, o Tricolor paulista criava, como o carioca fazia sob o comando de Fernando Diniz, carradas de chances de gol que parecia impossível o zero ficar no placar.

Aos 20 minutos, então, numa blitz com três defesas seguidas do goleiro Oliveira, Reinaldo acertou uma bomba no travessão que balança até agora e seguirá balançando durante a madrugada.

Em seguida, Pato saiu frustrado, com razão, afinal não marca há seis meses e teve dois gols mal anulados, para Brenner jogar.

Aos 25', GOOOOOOL!!!!

Do Novorizontino…

De Higor Leite que acabava de entrar, em seu primeiro toque na bola, em contra-ataque. Na verdade, o gol saiu no segundo toque, o primeiro foi para driblar Tiago Volpi.

Parecia mentira.

Parecia o que o Tottenham fez com o Manchester City no domingo.

Uma baita INJUSTIÇA!

Aos 30', Toró no lugar de Hernanes e Juanfran deu lugar a Everton.

Noite esquisita: o Mirassol fazia 6 a 0 no Botinha, em Ribeirão Preto, e o Flamengo, com seus titulares, perdia para o Rezende no Maracanã com mais de 53 mil torcedores.

O São Paulo perdia a invencibilidade no Paulistinha, que ficava com apenas dois invictos: o Mirassol e o…Novorizontino, que mantinha o Palmeiras fora da zona de classificação, como já acontecia com o empate.

"Pertenxe ao futebol", diria Vanderlei Luxemburgo.

Que esporte surpreendente, maluco, sem nenhuma lógica.

Até que, aos 40', Oliveira falhou e Brenner empatou: 1 a 1, em cruzamento de Vítor Bueno.

Ufa!

Diante de 14 mil torcedores, o empate ainda seria enorme injustiça.

O São Paulo restabelecia sua invencibilidade, mas ainda tinha cinco minutos de acréscimos para virar.

Aos 49' e aos 50' Pablo teve a chance e desperdiçou.

Não virou, embora merecesse, num jogo de causar estupor.

Que ninguém reclame da atuação são-paulina.

Ao fim do jogo, o assoprador de apito ainda sorria.

Um cara-de-pau!

(Em tempo, o Flamengo virou por 3 a 1).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/