Seleçãozinha sofre em jogo ciclotímico
Imagine um jogo de várzea.
Daqueles que um time joga como se fosse um bando de malucos e o adversário, diante disso, se assusta, não é capaz de se organizar para conter a maluquice e torna o jogo um hospício.
Assim foi o primeiro tempo de Brasil 3, Bolívia 1, pelo pré-olímpico, com os bolivianos no papel dos doidos e os brasileiros, principalmente os da defesa, incapazes de botá-los na roda.
O zagueiro Bambu, então, esteve simplesmente horroroso.
Antony fez 1 a 0 logo aos 2 minutos em jogada de Paulinho.
Matheus Cunha, em impedimento, recebeu de Reinier e ampliou aos 15', mas a defesa nacional deu uma avenida para a Bolívia diminuir quatro minutos depois.
Acontece que a zaga boliviana dava tantas bolas aos atacantes brasileiros que o lateral Guga se aproveitou para fazer 3 a 1, ainda aos 38'.
André Jardine, difícil saber se por generosidade ou excesso de coragem, deixou em campo Bambu, que é bom jogador, para o segundo tempo.
Fato é que mesmo com três vitórias em três jogos, e já classificada para o quadrangular final, a seleçãozinha ainda está muito longe de mostrar o bom futebol que o treinador prometia, ao permitir ser ameaçada por adversários frágeis como Peru, Uruguai, que perdeu da Bolívia, e a própria Bolívia.
Na sexta-feira a seleçãozinha enfrentará o Paraguai apenas para cumprir tabela.
Talvez por terem percebido o grau de insanidade dos primeiros 45 minutos, os dois técnicos prescreveram uma boa dose de calmantes para seus jogadores e a partida, encerrada a ciclotimia, ficou terrivelmente monótona.
Até que, aos 60', em contra-ataque, Reinier se aproveitou da bagunça defensiva dos rivais e, com finalização imperfeita, viu o goleiro aceitar o 4 a 1.
Jardine dirá e você poderá concordar com ele que reclamar de goleada é coisa de gente muito chata.
Então, paremos por aqui para só voltar se mais gols acontecerem.
E, aos 70, pelo meio da defesa amarela e das pernas de Bambu, a Bolívia diminuiu de novo.
Passou o efeito dos calmantes?
Bem, ao menos, despertou quem via o jogo.
Igor Gomes e Pepê entraram nos lugares de Matheus Cunha e Paulinho.
Mas, aos 78', de cabeça, a Bolívia fez seu terceiro gol: 4 a 3.
A pequena torcida colombiana passou a incentivar o mais fraco, embora seja complicado dizer que o Brasil seja o mais forte com a defesa que tem.
Bruno Fuchs, zagueiro, substituiu Reinier, porque a coisa ficou feia.
In Fuchs we trust?
Se for como o homônimo do STF…
Aos 87', Vaca, o melhor boliviano, pisoteou Antony e recebeu o segundo cartão amarelo.
Vaca foi pro brejo se refrescar mais cedo.
E no quinto minuto dos acréscimos, Pepê fez belíssimo quinto gol: 5 a 3 e fim de papo.
Quer dizer, a Bolívia ainda acertou o travessão brasileiro.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/