Dirigentes, Treinadores e Animais
Por ANTONIO CARLOS SALLES*
Ralf é o nome do momento.
O volante símbolo da raça e da dedicação canina ao Corinthians, desde que chegou do Barueri, encarna como poucos a tradição corinthiana de nunca arrefecer nos piores momentos.
Foi descartado pelo novo treinador, Tiago Nunes, que se ganhar metade dos títulos que Ralf conquistou, terá feito um bom trabalho.
O episódio explica como se dá a liderança dentro de um clube e suas semelhanças com a vida na selva.
Tiago-Andrés-Ralf é o escorpião pegando a carona no sapo. O sorriso leve durante a ambientação, para depois inocular o veneno mortal.
Leco-Ceni é como a sucuri de 12 metros.
Chega suave e silenciosa, rastejando e preparando o bote, enquanto a presa, ingênua, cheia de crenças e sonhos, vai se expondo sem receios.
Quando se dá conta, está enrolada, sufocada e sendo moída aos poucos.
Engolida por inteiro, será cuspida dias depois.
Fernando Prass, de glórias e conquistas recentes, liderança discreta mas firme junto ao elenco, foi outro que não resistiu à savana, e aos caçadores de troféus.
Os nomes que o abateram são diversos e bem conhecidos.
Usaram a tática de ataque das hienas: o grupo se reveza nas mordidas à presa até que sucumba exausta.
Na fase Midas de sua carreira, Vanderlei Luxemburgo criou um espaço tático e técnico para Rincon continuar a jogar pelo Corinthians, quando já dava sinais de esgotamento físico.
E foi um sucesso, assim como Jorge Jesus reinventou William Arão, com o resultado que vimos.
Que se cuidem os dirigentes, treinadores e managers, trituradores de ídolos.
A caça tem seus dias de caçador.
Recomendo-lhes um pé-de-coelho no bolso.
*Antonio Carlos Salles é jornalista.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/