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Blog do Juca Kfouri

Dirigentes, Treinadores e Animais

Juca Kfouri

08/01/2020 15h25

Por ANTONIO CARLOS SALLES*

Ralf é o nome do momento.

O volante símbolo da raça e da dedicação canina ao Corinthians, desde que chegou do Barueri, encarna como poucos a tradição corinthiana de nunca arrefecer nos piores momentos.

Foi descartado pelo novo treinador, Tiago Nunes, que se ganhar metade dos títulos que Ralf conquistou, terá feito um bom trabalho.

O episódio explica como se dá a liderança dentro de um clube e suas semelhanças com a vida na selva.

Tiago-Andrés-Ralf é o escorpião pegando a carona no sapo. O sorriso leve durante a ambientação, para depois inocular o veneno mortal.

Leco-Ceni é como a sucuri de 12 metros.

Chega suave e silenciosa, rastejando e preparando o bote, enquanto a presa, ingênua, cheia de crenças e sonhos, vai se expondo sem receios.

Quando se dá conta, está enrolada, sufocada e sendo moída aos poucos.

Engolida por inteiro, será cuspida dias depois.

Fernando Prass, de glórias e conquistas recentes, liderança discreta mas firme junto ao elenco, foi outro que não resistiu à savana, e aos caçadores de troféus.

Os nomes que o abateram são diversos e bem conhecidos.

Usaram a tática de ataque das hienas: o grupo se reveza nas mordidas à presa até que sucumba exausta.

Na fase Midas de sua carreira, Vanderlei Luxemburgo criou um espaço tático e técnico para Rincon continuar a jogar pelo Corinthians, quando já dava sinais de esgotamento físico.

E foi um sucesso, assim como Jorge Jesus reinventou William Arão, com o resultado que vimos.

Que se cuidem os dirigentes, treinadores e managers, trituradores de ídolos.

A caça tem seus dias de caçador.

Recomendo-lhes um pé-de-coelho no bolso.

*Antonio Carlos Salles é jornalista.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/