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Blog do Juca Kfouri

De que cartola saiu este Coelho, Mano?

Juca Kfouri

09/11/2019 20h54

Dyego Coelho estava lá no Corinthians cuidando da base e ouvindo o que o Fiel dizia, criado no clube que foi.

Ouvia que Boselli é o melhor dos camisas 9 alvinegros.

Que Pedrinho deveria jogar pelo meio.

E que o Corinthians deveria ser mais corajoso.

Então, escalou o argentino, pôs o menino centralizado e fez do arisco Janderson titular.

Está dando certo.

Ganhou fazendo três gols no Fortaleza e mesmo naturalmente inferior ao Palmeiras no Pacaembu, não se acovardou nos 45 minutos iniciais.

Marcou firme e por três vezes levou algum perigo ao goleiro Weverton.

Assim como, uma vez a mais, o Palmeiras foi perigoso, embora Walter não tivesse que fazer nenhuma defesa.

Ao fim da etapa inicial, o 0 a 0 desmentia quem esperava uma vitória fácil do Palmeiras, como este blogueiro.

Dudu era o nome do jogo no estádio lotado por 34.283 pagantes e 36.290 presentes.

Jogo morno, diga-se de passagem, na expectativa de um segundo tempo mais quente.

O que talvez nem interessasse ao Corinthians, mas era obrigatório para o mandante Palmeiras.

E nem bem o jogo recomeçou Walter fez uma lambança em reposição de bola que virou escanteio.

No escanteio cobrado por Scarpa na cabeça de Deyverson, o goleiro se redimiu ao fazer uma defesaça.

O Palmeiras, de fato, voltou disposto a ganhar na bola ou na raça.

E o Corinthians estava acoelhado.

A cada ataque desenhava-se o gol alviverde.

Coelho foi rápido ao perceber que a vaca estava indo para o brejo e chamou Mateus Vital, para tentar ficar a com a bola, e Clayson, aos 12'.

Tirou Pedrinho e Janderson, exatamente os meninos com quem ele trabalhou na base.

Walter trabalhava e Weverton folgava.

Mano Menezes também resolveu mexer, incomodado que estava com a falta do gol e pôs Willian Bigode no lugar de Zé Rafael, aos 20'.

Mano deveria estar se perguntando de que cartola teria saído este Coelho.

Deyverson teve o 1 a 0 à disposição e chutou por cima, segundos antes.

O Palmeiras diminuía a desvantagem em relação ao Flamengo para sete pontos, mas corria o risco de vê-la aumentar amanhã, para dez.

E o Corinthians ficava ameaçado de ser superado pelo Inter e pelo Athletico.

Deyverson deu lugar ao criticado Borja, o que anda com "dor na alma", aos 25'.

Aí, o VAR pegou um pegou pênalti de Manoel em cabeçada de Gustavo Gomes.

Scarpa bateu e Walter defendeu, aos 31'.

O Pacaembu mergulhou em silêncio sepulcral.

Vagner Love no jogo, no lugar do decepcionante Ramiro, aos 34'.

Ousadia de Coelho.

Não era um Dérbi bom de se ver, definitivamente, e embora o Palmeiras merecesse pelo menos um gol, corria o risco, sempre se corre, de sofrer um.

Scarpa saiu vaiado por alguns para Carlos Eduardo jogar, aos 39'.

Aos 40', Borja matou bonito no peito e mandou por cima de esquerda, da marca do pênalti.

No minuto seguinte o colombiano chegou um milésimo de segundo atrasado e não aproveitou o cruzamento rasteiro de Dudu.

Faltava ao Palmeiras o que sobrava ao Corinthians: sorte.

Pé de Coelho?

Aos 44', trave!

Desta vez em chute de Bruno Henrique.

A torcida esmeraldina chamava o Timão de timinho e o jogo iria aos 52'.

Até sair o gol?

Pois quase saiu, com Vagner Love…

E saiu, aos 47!

Gol de Michel, ao pegar o rebote de uma aliviada de Borja, invadir a área e soltar uma bomba indefensável.

1 a 0 para o Corinthians! Caprichos e mistérios do futebol.

Aos 48', em outro rebote de escanteio, Bruno Henrique empatou 1 a 1!

Se o empate não era justo, imagine a derrota.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Sobre o Autor

Juca Kfouri é formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999 e foi colaborador da ESPN-Brasil entre 2005 e 2019. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, de 2000 até 2010, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha, onde permanece com sua coluna três vezes por semana. Apresenta, também, o programa Entre Vistas, na TVT, desde janeiro de 2018.

Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/