Bicampeão de virada! Viva o Flamengo!
Verdade seja dita, a primeira experiência da Conmebol com a polêmica final em jogo único, deu certo.
Foi bonita a festa no Estádio Monumental de Lima.
No jogo, os dez primeiros minutos foram de imposição tática, física e técnica do Flamengo, praticamente sem deixar o River Plate jogar.
Experiente, o time portenho parecia não se incomodar e, aos poucos, equilibrou as coisas até que, aos 14 minutos, o colombiano Borré — em falha conjunta de Gerson e Willian Arão, promovida por corte errado de Felipe Luís –, abriu o placar.
Um balde de água gelada no fervor rubro-negro.
Errar uma vez em jogo decisivo é grave. Duas, é gravíssimo.
O Flamengo sentiu o baque e perdia todas as divididas, sem espaço para criar.
Errava demais na saída de bola e toda hora o River se aproveitava para levar risco ao gol de Diego Alves.
À ansiedade brasileira, os argentinos respondiam com velocidade, quando com a bola, e com faltas para parar o jogo quando sem ela.
Aos 35', o Flamengo tinha a bola 65%, mas não levava perigo.
O River, ao contrário, aproveitava melhor a posse de bola.
Jorge Jesus teria de aproveitar o intervalo para tirar alguma mágica do colete porque Marcelo Gallardo estava comemorando seu terceiro título da Libertadores em cinco anos.
Enzo Pérez comandava o River como o maestro que faltava ao Flamengo em jornada sem inspiração.
O primeiro tempo terminou mal para as pretensões rubro-negras, com 16 faltas argentinas contra sete.
No primeiro minuto do segundo tempo, a primeira defesa, no jogo, do goleiro Armani, em chute de Gabigol.
Aos 56', o inacreditável aconteceu.
Arrascaeta furou na cara do gol em passe de Bruno Henrique da linha de fundo, a bola sobrou para Gabigol chutar em cima da zaga na pequena área e, no rebote, Everton Ribeiro chutou à queima-roupa para Armani defender. Impressionante!
Para piorar, Gerson se machucou e foi substituído por Diego, aos 65'.
Quem sabe se ele não seria capaz de mudar a cara do jogo?
Pois foi!
Estranhamente, tanto Rafinha quanto Felipe Luís não jogavam bem, o que também dificultava a chegada da bola em Bruno Henrique e Gabigol.
O River foi fazendo suas trocas, até Lucas Pratto entrou no lugar de Borré.
Aos 78', Gabigol errou um último passe imperdoavelmente.
A frieza e a determinação argentinas chegavam a ser irritantes para quem não torcia pelo River e diante delas era evidente a impotência brasileira.
Jesus chamou Vitinho e disse a ele para ir com tudo porque seria dele o reino dos céus.
Willian Arão, saiu aos 85'.
E aos 88', Bruno Henrique serviu Arrascaeta que, caindo, tocou para Gabigol na trave direita empatar o jogo que parecia perdido: 1 a 1.
E daí o verdadeiramente inacreditável aconteceu.
Aos 91', saindo sabe-se lá de onde, Gabigol deixou Pinola para trás e fez o gol da virada, o gol do 2 a 1, o gol do bicampeonato.
De esquerda!
E mostrou o manto sagrado para o mundo.
O River seria pentacampeão uma pinóia.
Palácios chutou Bruno Henrique e foi expulso, assim como Gabigol, para variar, mas não ficou claro por quê.
O que interessa é a taça.
A América é vermelha e preta!
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