Haverá final em Santiago?
Por ROBERTO VIEIRA
Diante da história.
Diante do passado de sangue do estádio.
Diante da cordilheira imensa.
Branca.
Diáfana.
Diante das multidões nas praças, ruas, metrô.
Metrô que margeia o estádio.
Metrô desgarrado da realidade.
Diante do país moderno e pujante.
Subitamente – ou não – colhido por um novo 1973.
Desta vez em outubro.
Diante dos estudantes que desejam outro país.
Quando o país parecia tão pleno de certezas e amanhã.
Como se uma velha poesia de Neruda soasse na Ilha Negra.
Esquecido que são dias de mistral.
Perante o vento gelado.
O mar cor de cobalto.
Os condores sobrevoando o céu de um azul pacífico.
As discretas raposas do vale nevado.
Raposas em tons surrealistas, a perguntar :
Haverá uma final da Libertadores em Santiago?
Ou voltaremos todos a los 17?
Ferindo nosso coração no glacial.
Redescobrindo o LP de Violeta Parra.
Como se o passado latino-americano.
Fosse um interminável canto general?
Haverá afinal uma final?
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/