Carille não bateu no teto
Fábio Carille está sob intensa pressão.
Não é novidade.
Muito maior era a pressão quando assumiu o Corinthians pela primeira vez.
E, como é sabido, saiu-se muito bem.
É tricampeão estadual, 2017/18 e 19 e campeão brasileiro de 2017, depois de passar o primeiro turno invicto.
Como auxiliar de Mano Menezes e de Tite, era o encarregado de treinar a defesa alvinegra, o que fez com brilho.
Nesses anos em que assumiu o comando do time teve de montar e remontar o elenco três vezes.
Foi feliz e infeliz.
Independentemente do que venha a acontecer até o fim deste Campeonato Brasileiro, mesmo que venha a despencar, fará bem o Corinthians se o mantiver.
Como ele fará ainda melhor se, de fato, como planeja, for para Inglaterra rever conceitos durante as férias de fim de ano.
Carille está no início da carreira e já é um vitorioso.
Imaginar que ele tenha batido no teto não é apenas apressado, é injusto.
Ele tem se caracterizado por falar francamente e há quem veja nisso o chamado sincericídio.
Pois não é.
É uma atitude profissional de quem rejeita ser paternalista e não trata seus comandados como crianças, mas como, também, profissionais.
O fato de mostrar insatisfação consigo mesmo o dignifica.
Que o Corinthians está jogando futebol abaixo da crítica é indiscutível.
Dispensá-lo, porém, não será solução.
Até porque, quem botar em seu lugar?
Ah, sim, Pep Guardiola e Jürgen Klopp seriam ótimas respostas. Possíveis?
Renato Portaluppi e Tiago Nunes também. Virão?
Hoje ouvi falar em Tite.
Você se lembra de como ele saiu do Corinthians em 2013?
Precisou tirar um ano sabático no ano seguinte para voltar em 2015 e ser bem-sucedido novamente, até ir para a CBF.
Carille talvez precise não de um ano, mas de um mês.
Porque não só não chegou ao cume como ainda está no terceiro andar.
Sobre o Autor
Colunas na Folha: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/